Histórico

A falência do futebol brasileiro

Eliakim Araújo*

Vinte e quatro horas depois do massacre do Mineirão, o mundo assistiu a um jogo verdadeiramente digno de uma Copa do Mundo. Argentina e Holanda foram heróicas e, se fosse possível, nenhuma das duas deveria estar fora da final de domingo no Maracanã.

É possível que a maioria dos brasileiros tenha torcido pela Holanda ou, melhor dizendo, contra a Argentina, nossos eternos rivais da América Latina. Mas temos que reconhecer que Messi e seus parceiros tiveram mais garra durante toda a partida e mais preparo físico quando a Holanda exerceu alguma pressão. 

Quanto ao Brasil, está todo mundo agora palpitando sobre o Mineiraço que atingiu em cheio o coração e a mente dos brasileiros. A sindrome dos 200 milhões de técnicos parece que tomou conta dos nossos patrícios. Mas a coisa não é tão simples como acusar comissão técnica e jogadores. 

Também não adianta a tentativa de querer transferir para o governo a culpa pelo fracasso da nossa seleção, como já se observa aqui e ali pelos derrotistas de sempre. O buraco é mais embaixo. 

Nosso futebol chegou ao fundo do poço, está falido. Necessita de uma reformulação que comece pela CBF e alcance a estrutura dos clubes, todos de pires na mão, dependendo fundamentalmente das verbas pagas pela TV pelos direitos de transmissão e de alguma publicidade nas camisetas que não soluciona a penúria financeira em que vive a maioria deles.

Qualquer reformulação do futebol brasileiro, a meu ver, passa pelo fortalecimento dos clubes. São eles que encontram, treinam, e até alimentam, os craques que mais tarde serão as estrelas do espetáculo. 

Mas nem clubes nem seus craques ganham. Jovens revelações, que mal tiveram tempo de se tornar conhecidos no Brasil, são vendidos para clubes do exterior, ainda meninos, porque nossos clubes estão falidos e precisam se desfazer de seus atletas para se manterem vivos.

O futebol brasileiro está hoje literalmente nas mãos da emissora de TV que detém os direitos de transmissão e determina o horário em que os jogos devem ser realizados, sem atrapalhar sua programação, e de meia dúzia de cartolas que comandam as federações e se rendem aos caprichos dessa estrutura viciada. 

Repito, qualquer tentativa de reformular o futebol brasileiro passa, em primeiro lugar, pelo fortalecimento dos clubes. Afinal, são eles que fazem o espetáculo e os que menos ganham.

* Jornalista, editor do site Olhar News (www.olharnews.com).

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