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Chacina em sede de torcida do Corinthians acaba com 8 mortos

Matança na Pavilhão Nove, em São Paulo, aconteceu na noite de sábado (18), antes de jogo contra o Palmeiras

Chacina em sede de torcida do Corinthians acaba com 8 mortos

DA REDAÇÃO (com G1) – Uma chacina ocorrida no sábado (18) na sede da Pavilhão Nove, uma das torcidas organizadas do Corinthians, acabou com pessoas mortas. Policiais que investigam o crime disseram já ter os nomes de suspeitos de participar dos assassinatos. O local da matança fica perto da Ponte dos Remédios, na capital de São Paulo.

Testemunhas contaram à polícia que três homens armados invadiram o local por volta das 23h. Os torcedores preparavam bandeiras que seriam levadas para o jogo contra o Palmeiras do domingo, na Arena Corinthians. Segundo o Departamento Estadual de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), houve execução, já que as vítimas foram encontradas deitadas e próximas.

“Nós já temos até possíveis suspeitos”, disse ao G1 o delegado Arlindo José Negrão Vaz. Ele não revelou, porém, os nomes dos investigados nem a linha de apuração que os policiais seguem. Nenhum suspeito de participar da chacina foi preso até o fechamento dessa edição do AcheiUSA.

Com base no que as testemunhas relataram, a polícia descarta que a motivação tenha sido uma rixa entre torcidas. Perto dos corpos foram encontradas cápsulas de pistola 9 mm.

A Polícia Civil divulgou os nomes dos oito mortos. Foram assassinados Ricardo Junior Leonel do Prado, de 34 anos, André Luiz Santos de Oliveira, de 29 anos, Mateus Fonseca de Oliveira, de 19 anos, Fabio Neves Domingos, de 34 anos, Jhonatan Fernando Garzillo, de 21 anos, Marco Antônio Corassa Junior, de 19 anos, Mydras Schmidt, de 38 anos, e Jonathan Rodrigues do Nascimento, de 21 anos.

Fábio Neves Domingos foi um dos 12 presos na tragédia que marcou a estreia do Corinthians na Copa Libertadores da América de 2013, contra o San José, da Bolívia. Na ocasião, o jovem torcedor boliviano Kevin Douglas Beltrán Espada, de 14 anos, foi atingido por um sinalizador da torcida do Corinthians e morreu.

No mesmo ano, depois de ser libertado, ele se envolveu numa briga de torcedores num jogo entre Vasco e Corinthians, em Brasília. Outra vítima, Mydras Schmidt, foi puxador de samba da escola Pérola Negra no ano passado.

A mãe de um dos oito mortos contou que um dos sobreviventes da chacina foi enrolado em uma bandeira do time e deixado vivo pelos criminosos. “Disseram para ele que ele tinha sorte que as balas tinham acabado e que ele ficou vivo para contar tudo”, relatou. Segundo ela, outros rapazes que estavam no local conseguiram arrombar uma porta e fugir.

Ela esteve no Instituto Médico-Legal na manhã deste domingo (19) para fazer o reconhecimento do corpo do filho, e disse que as vítimas foram espancadas antes de morrer. “Deixaram o rosto e o braço dele todo machucado”, afirmou. Ela preferiu não se identificar por medo de represálias.

Erasmo Carlos, cunhado de André Luiz de Oliveira, um dos mortos, pediu justiça. Ele esteve no IML neste domingo. “A gente espera justiça. Isso passa direto na televisão. Essa violência não pode ficar impune”, defendeu.

Maria Enédna de Abreu, amiga de parentes das vítimas, afirmou que os torcedores eram boas pessoas. “Não dá pra entender o que aconteceu. Os meninos eram bons”, disse.

Pavilhão 9
A torcida organizada Pavilhão Nove foi criada em homenagem aos presos mortos em um dos pavilhões da penitenciária do Carandiru, em outubro de 1992 (data que ficou marcada pela morte de 111 detentos quando a polícia militar tentava conter uma rebelião). A torcida foi criada por um grupo de amigos que fazia trabalho social no presídio e promovia jogos de futebol contra o time “Corinthians do Pavilhão 9”.

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