Histórico

Crise na Venezuela faz iPhone 6 chegar a custar mais de $47 mil no país

Inflação anual de 69% leva país a vivenciar preços surreais para produtos importados

Consumidores observam gôndolas vazias em supermercado da Venezuela
Consumidores observam gôndolas vazias em supermercado da Venezuela

DA REDAÇÃO (com Bloomberg) – Esqueça os smartphones top de linha. A falta de estoque e a escassez de dólares na Venezuela estão tornando a compra de qualquer telefone celular mais difícil neste ano. Apenas 4,9 milhões serão vendidos em 2015, segundo estimativa da Pyramid Research. Há uma queda de 46% em relação aos quase 9 milhões de aparelhos vendidos em 2012. O número cada vez menor de usuários na Venezuela é uma anomalia na América Latina, que teve um crescimento de mais de 4% no ano passado, segundo a eMarketer.

O país está tendo problemas para encontrar dólares suficientes para pagar as importações e os produtos básicos, sem contar os telefones celulares. Isso ocorre porque o petróleo responde por 95% das exportações venezuelanas e os preços do petróleo local caíram 50% no segundo semestre do ano passado. Em vez de importarem telefones diretamente das fabricantes, as provedoras e os vendedores de serviços de telefonia celular são obrigados a passar pela intermediária do governo, a Telecom Venezuela, e a escassez de dólares os tem impedido de honrar os pedidos.

A escassez dos novos modelos de telefones celulares 4G que têm uma demanda mais elevada está levando os venezuelanos ao mercado negro e deixando-os expostos aos roubos. “Se você tem um bom telefone, em algum momento te roubarão se você exibi-lo na rua”, disse Tina Lu, consultora sênior da Counterpoint em Buenos Aires. “E se você quiser comprar um bom telefone, ele vai te custar um braço e uma perna.”

Maior inflação do mundo
Os custos também são incrementados pela inflação alta. A taxa anual era de 69% em dezembro, último mês em que o Banco Central reportou os dados. O Barclays Plc disse em 20 de maio que a taxa estava atualmente nos “três dígitos”. O país mantém controles cambiais estritos desde 2003. Contudo, como a Venezuela registra a maior inflação do mundo, as pessoas querem dólares para proteger suas economias.

O cenário de escassez transformou os aparelhos celulares mais novos em commodities muito populares. O iPhone 6, da Apple, é vendido por cerca de 300.000 bolívares ($47,678) no site local de comércio eletrônico Mercado Libre, cerca de 41 vezes o salário mínimo mensal do país, de 7.325 bolívares.

A Venezuela introduziu uma terceira taxa de câmbio em fevereiro, de 196,95 bolívares por dólar, para aqueles que não podem comprar a moeda dos EUA pelas taxas preferenciais. Algumas pessoas com outros acessos a dólares os trocam por bolívares pela taxa do mercado negro — cerca de 456 na sexta-feira. O bolívar teve uma queda maior nas negociações do mercado paralelo desde o início de maio, quando estava em cerca de 279 por dólar.

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