Histórico

Miami City Ballet abre as portas para bailarinos brasileiros

Eles chegam ainda crianças e sonham em continuar na carreira internacional

Joselina Reis

Foto: Adria Greenhauff
Miami City Ballet abre as portas para bailarinos brasileiros

O último grupo de crianças chegou esta semana para um treinamento de 15 dias

Com as sapatilhas nos pés e a bagagem pronta, crianças brasileiras entre nove e 14 anos encaram a viagem entre Brasil e Estados Unidos dispostas a encarar uma maratona de testes e provar que, apesar da pouca idade, podem começar uma carreira internacional na área da dança. “O começo do sonho é a seletiva no Brasil. Eles choram, vibram é muita expectativa”, lembra a ex-bailarina Alice Arja, responsável pela seletiva que acontece no Rio de Janeiro.

O último grupo chegou esta semana para um treinamento de 15 dias. Todos os anos, nas férias escolares do Brasil, um grupo de crianças troca o tempo livre pelas duas semanas de treinamento diário em Miami, na expectativa que isso possa representar um contrato de trabalho no futuro.

‘Só aceitamos as crianças que realmente mostrem aptidão para o balé”, explica Arja. Foi ela que começou há oito anos o intercâmbio de futuros bailarinos mirins com a escola de dança do Miami City Ballet. Ela conta que a ideia veio depois que resolveu dar um empurrãozinho na carreira da filha e de três outros amigos. Ela fez um vídeo de uma apresentação dos quatro e enviou ao MCB. Hoje, a filha Nathalia Arja integra o corpo principal de dança do MCB. Os outros três receberam bolsas de estudos e continuam na carreira.

A diretora da escola de balé do MCB, Darleen Callaghan, garante que o projeto de intercâmbio com bailarinos mirins brasileiros é muito bem-vindo para a companhia. “É o único programa deste estilo que temos e tem nos ajudado muito a encontrar novos talentos”, disse a diretora. Dos cinquenta dançarinos que integram o grupo profissional do MCB, quinze são brasileiros.

Os alunos têm aulas com os mesmos professores dos dançarinos profissionais, além de interagir com os outros talentos brasileiros que como eles também participaram do intercâmbio em anos anteriores. O projeto começou com apenas 20 alunos e em 2014 trouxe 60 crianças. A esperança, segundo Alice, é que número chegue a 120 por treinamento em poucos anos.

Alguns vêm com recursos próprios, outros recebem bolsas de intercâmbio de patrocinadores. Anualmente, em média, quatro alunos são aprovados e admitidos na escola de bale. Depois de alguns anos dedicando-se exclusivamente à dança alguns são admitidos pelo próprio MCB ou contratados por outras companhias de dança nos Estados Unidos e Europa.

Arja lembra que nas oito edições do intercâmbio mais de 150 bailarinos já participaram do treinamento, sendo que pelo menos trinta brasileiros trabalham atualmente em companhias americanas de dança. “O mercado de dança no Brasil, principalmente para o balé, é pequeno. Não há vagas. Por isso, quando eles vêm para cá, eles vêm preparados para buscar seu espaço com muita garra”, afirma a ex-bailarina que há 38 anos dá aulas de balé no Brasil.

No Brasil, a seletiva é organizada pela www.ciadeballetdorj.com.br.

Compartilhar Post:

Baixe nosso aplicativo