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Oscar sem negros e com poucas mulheres gera controvérsia

A 87ª edição do prêmio mais importante do cinema é a de menor diversidade étnica e sexual desde a premiação de 1998

Oscar sem negros e com poucas mulheres gera controvérsia

DA REDAÇÃO (com G1) – A próxima edição do Oscar marca a 87ª vez em que o prêmio mais importante da indústria do cinema é realizado. Além disso, apontam seus críticos, simboliza a baixa representação de negros e outras raças – e até mesmo de mulheres, em certas categorias–nesse nicho do entretenimento. Isso porque essa é a edição de menor diversidade étnica desde 1998.

Neste ano, nenhum ator negro foi indicado – apesar de Selma concorrer a melhor filme – e nenhuma mulher aparece nas categorias de direção, roteiro e fotografia. Dentre indicados a filme, nenhum tem protagonista mulher–é a primeira vez que isso acontece desde 2006, mostra análise veiculada pelo portal G1. Além de estatísticas, o sucesso das hashtags #OscarsSoWhite (Oscar tão branco) e #whiteOscars (Oscar branco) nas redes sociais deixou claro qual é o tamanho da indignação dos fãs de cinema.

Mas nem sempre é assim. A cerimônia de 2014 teve 12 Years a Slave como grande vencedor e premiou Lupita Nyong’o como melhor atriz coadjuvante. O diretor e produtor Steve McQueen saiu com o troféu de melhor filme, e John Ridley com o de roteiro adaptado. “Quem pensou que este ano ia ser como no ano passado é retardado”, disse o diretor Spike Lee ao site The Daily Beast. “Uma vez a cada dez anos mais ou menos recebo telefonemas de jornalistas sobre como as pessoas estão aceitando filmes com pessoas negras. Antes do ano passado, foi em 2002 com Halle Berry, Denzel Washington, e Sidney Poitier. É um ciclo de 10 anos”.

A última vez em que todos os 20 atores indicados ao Oscar eram brancos foi em 2011. Alguns veículos americanos como o Huffington Post consideram Javier Bardem e Hailee Steinfeld – indicados naquele ano – como “multiétnicos” e, por conta disso, apontam que o ano com menor diversidade foi 1998.

Uma das “injustiças” do Oscar em 2015 foi ignorar David Oyelowo como Martin Luther King em Selma na categoria de melhor ator. Em vez disso, Bradley Cooper emplacou sua terceira indicação em três anos por American Sniper. Steve Carell superou o preconceito contra atores de TV e recebeu sua primeira chance por Foxcatcher.

94% de votantes brancos
Se há pouca diversidade entre os indicados ao Oscar, é porque não há diversidade entre os votantes. Segundo levantamento publicado pelo Los Angeles Times, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood tem mais de 6 mil membros, sendo que 94% são brancos, 77% são homens, e 86% têm mais de 50 anos.

Dos indicados à principal categoria do Oscar 2015, apenas Selma fala sobre negros. Os outros sete filmes são sobre um atirador de elite das forças especiais da marinha americana (American Sniper); um ator decadente de filmes de super-herói (Birdman); a passagem do tempo na vida de um garoto de classe média (Boyhood); um dedicado gerente de hotel na Europa oriental (The Grand Budapest Hotel); o matemático e pioneiro na computação Alan Turing (Imitation Game); o físico teórico e cosmólogo Stephen Hawking (The Theory of Everything); e sobre um baterista de jazz (Whiplash).

Resposta da Academia de Hollywood
Em entrevista à agência Associated Press, após o anúncio dos indicados, a presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, disse que a lista de atores que concorrem ao prêmio a inspira a fazer uma campanha para aumentar a integração em Hollywood. Cheryl afirmou que a Academia está “comprometida em fomentar a diversidade de voz e opinião”. “Nos últimos anos, temos dado mais passos que nunca para nos tornarmos uma instituição mais diversa e inclusiva. Pessoalmente, adoraria ver e desejo ver mais diversidade cultural em todos os nossos indicados, em todas as categorias”, disse. “O importante é não perder de vista que ‘Selma’, que é fantástico, foi indicado como melhor filme, e que essa categoria é escolhida entre uns sete mil filmes”, referindo-se ao longa sobre o movimento dos direitos civis nos EUA.

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