Histórico

Romero Britto se recusou a ajudar mãe doente, diz sua irmã em livro

Segundo a galerista Roberta Britto, negligência do irmão rico e famoso levou a mãe a morrer de câncer em 2012

Roberta cuidava dos licenciamentos do irmão Romero no Brasil
Roberta cuidava dos licenciamentos do irmão Romero no Brasil

DA REDAÇÃO (com Folha e Veja SP) – O artista plástico Romero Britto, 51, um dos pintores brasileiros mais famosos e valiosos no exterior, é tema de um livro escrito por sua irmã, a galerista Roberta Britto. No volume, ainda sem título e com 200 páginas já escritas, segundo declaração de Roberta ao jornal Folha de S.Paulo, Romero é retratado de forma pouco amistosa. A galerista, que vive em São Paulo e representa o artista no Brasil, afirma, por exemplo, que Romero se recusou a pagar o tratamento de sua mãe, doente de câncer, que acabou morrendo devido à doença, em 2012.

“Nossa mãe (Maria de Lourdes) faleceu devido a um câncer no peritônio. Ela fez sete cirurgias, quimioterapia… O Romero não vinha visitá-la, apenas aproveitava para vê-la quando tinha um compromisso profissional no Brasil. Ele também não arcou com as despesas. Tenho uma dívida de R$ 3 milhões com o Hospital Santa Catarina. Já vendi imóvel em Miami para pagar, mas falta muito. Meu irmão, que tem dinheiro, não ajuda”, disse ela à revista Veja SP.

De acordo com Roberta, o artista, que segundo estimativas de mercado faturou mais de $88 milhões em 2014, nem sempre foi assim. “Morei vinte anos em Miami, entre 1988 e 2008. Quando cheguei, fazia faxina para me manter. Também o ajudava em sua galeria. Ele desenhava as telas e eu preenchia com as tintas. Mais tarde, virei vendedora das obras e ganhava comissão de 12% em cima do valor do produto.”

A galerista, que não divulga quando o livro deveficar pronto, até 2011 foi a responsável por gerenciar os licenciamentos de produtos com a arte do irmão. Questionada sobre a razão da interrupção no trabalho, ela o critica novamente. “Eu tinha critério e não escolhia parcerias com empresas de aromatizadores e de lenços. A arte precisa ser colecionada, e não ir para a lata do lixo. Essa massificação desvaloriza o trabalho dele, que é bom.”

Após saber das declarações da irmã, Romero respondeu à Veja SP com uma carta. “É muito triste quando as pessoas sugerem o contrário, mas eu tenho sido generoso e prestativo com a minha família nos momentos de necessidade – e vou continuar sendo. Minha empresa, a Britto Central, Inc., não é proprietária nem opera a galeria de Roberta (localizada na Rua Oscar Freire, nos Jardins, e especializada em obras de Romero). Mas como todas as pessoas e eu próprio, minha família trabalha para se sustentar. Seus trabalhos não estão relacionados ao meu trabalho, mas como sempre, eu tento ser solidário quando e onde posso.”

De Disney a Coca-cola
Romero Britto nasceu em Pernambuco em 1963 e imigrou para os Estados Unidos em 1988. O artista tem acordos de licenciamento de sua arte para inúmeras empresas (entre elas, corporações do quilate da Disney) e marcas que vão de Coca-Cola e Mattel à organização da Copa do Mundo. Suas obras adornam prédios públicos na Flórida, em Washington DC e em New York, além de estarem também em pontos importantes de nações europeias como Suíça e Mônaco. O artista possui sua principal galeria, a Britto Central, em Miami Beach, na movimentada Lincoln Road.

Compartilhar Post:

Baixe nosso aplicativo