Histórico

Vitória republicana no Congresso complica ainda mais situação dos imigrantes

Obama prometeu agir até o final do ano para resolver o problema, mas medidas podem sofrer represálias da oposição

DA REDAÇÃO COM AGÊNCIAS

Com a vitória republicana conseguida na noite de terça-feira (4), quando o partido não só manteve seu domínio na Câmara como conquistou a maioria também no Senado, o presidente Barack Obama pode esperar uma batalha política feroz nesses seus dois últimos anos de governo. Principalmente se ele cumprir a promessa de usar a prerrogativa de usar ordens executivas para resolver o problema imigratório.

A aposta maior é que Obama amplie para mais imigrantes os benefícios da Deferred Action (DACA) de 2012 garantidos às crianças filhas de indocumentados. A medida suspendeu a deportação de jovens com menos de 30 anos que chegaram aqui antes de 2007 e ainda emitiu permissões de trabalho para eles.

Os ativistas pela reforma ganharam um sopro de esperança no final de junho, quando Obama ordenou à sua equipe que elaborasse uma lista de medidas imigratórias possíveis para serem tomadas no final do verão. O Washington Post publicou que entre as medidas poderia estar uma ordem que garantisse uma suspensão temporária de deportações que beneficiaria até cerca de 5 milhões de imigrantes. Ainda que a matéria do Post não tenha afirmado que o governo já havia decidido o que fazer, os republicanos ficaram furiosos com a notícia. Alguns levantaram inclusive a hipótese de impeachment.

Mas o presidente não pareceu muito impressionado com a reação republicana. E aí surgiu a crise na fronteira. Os republicanos culparam o DACA pelo aumento no influxo de crianças centro-americanas no país, e alertaram que uma ordem executiva atrairia mais ainda imigrantes ilegais esperançosos com uma futura legalização. No início de setembro, Obama anunciou que adiaria a ordem executiva para depois das eleições. A decisão política enfureceu os ativistas pela causa imigratória. O presidente garantiu que não havia desistido das medidas, elas haviam sido apenas adiadas. Até 31 dezembro, prometeu, faria alguma coisa. Na terça-feira (4), o Secretário de Imprensa da Casa Branca, Josh Earnest, reiterou o compromisso do presidente de agir antes do Ano Novo.

Os ativistas não têm tanta certeza assim. Por isso planejam uma série de manifestações para pressionar o presidente no sentido de anunciar as medidas antes do prometido. De sua parte, os republicanos avisam que uma ação de Obama pode acabar de vez com qualquer chance do novo Congresso passar alguma lei imigratória num futuro imediato.

O aviso não representa muito, já que poucos acreditam que o Congresso aprovaria alguma coisa com ou sem ações do presidente.
Já a ameaça dos ativistas pela causa, entretanto, pode ter mais efeito. Obama não vai candidatar-se à reeleição, mas outros candidatos democratas vão ter seus nomes nas cédulas de votação em estados com grande população hispânica. Se a questão imigratória não for resolvida até o final dos oito anos de mandato do presidente, as urnas podem cobrar caro o fracasso dos democratas nesse sentido.

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