Antonio Tozzi Esportes

Delegação brasileira brilha nos Jogos Pan-Americanos de Lima

Parte da delegação na festa de encerramento dos Jogos Pan Americanos em Lima (Foto: COB)

Com o país em crise e o esporte amador cada vez mais sem apoio – tanto do governo como das empresas privadas -, não deixou de ser surpreendente o segundo lugar obtido pelo Brasil nos Jogos Pan Americanos disputados em Lima, capital peruana, e encerrados no dia 11 de agosto.

Na verdade, a equipe brasileira confirmou a melhor atuação do país em Jogos Pan-Americanos. O Time Brasil conquistou 171 medalhas e garantiu o país no 2º lugar do quadro geral de medalhas, com 55 de ouro, 45 de prata e 71 de bronze – ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Seus atletas faturaram 120 medalhas de ouro, 88 de prata e 85 de bronze, totalizando 293 medalhas.

Foram 19 dias de jogos Pan-Americanos. Nesse tempo, o Brasil mostrou predominância em algumas modalidades, surpreendeu em outras e também viu medalhas que pareciam quase certas escaparem. Superação e aprendizado caminham juntos em qualquer competição esportiva. Da frustração do ginasta Arthur Zanetti, prata nas argolas, a ouros inéditos no badminton, boxe feminino e taekwondo feminino, o Brasil escreveu sua história em Lima.

Mais do que o bom desempenho no Pan alguns atletas obtiveram o índice olímpico e, assim, garantiram seus passaportes para os Jogos Olímpicos de Verão de 2020, marcados para Tóquio. Aliás, melhorar o desempenho olímpico é o grande desafio do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

O COB não tinha colocado uma meta em número de medalhas ou de pódios, nem posição no quadro. Para a entidade que comanda o esporte no país, o importante era a conquista de vagas olímpicas e a melhora do desempenho da maioria dos esporte com relação a Toronto 2015. O país garantiu, pelo Pan, um lugar na Olimpíada no handebol, hipismo, tiro com arco, tênis de mesa, tênis, pentatlo e vela, mas acabou sucumbindo no handebol masculino e no tiro esportivo.

Outro recorde interessante atingido pelo Brasil foi o de número de modalidades que foi ao pódio. O Brasil conquistou medalha em 41, mais que os 40 do Rio 2007. Nos títulos, foram 22 modalidades com ouros, repetindo as 22 de 2007. Com menos de 500 atletas, delegação foi a menor desde 2003, o Brasil se destacou muito mais em esportes individuais do que nos coletivos.

O carro chefe do Brasil foi, pela quarta vez seguida, a natação. Da piscina de Lima vieram 10 medalhas de ouro, e um total de 30 medalhas. A vela, sempre tão tradicional no país, conquistou cinco títulos em onze possíveis, em um aproveitamento espetacular. Atletismo e ginástica(artística e rítmica), com seis e cinco douradas respectivamente, superaram o resultado ruim de Toronto 2015 e voltaram a colocar o país como potência no continente.

O que não faltou para o Brasil foram feitos inéditos. Primeiro título no badminton e nas águas abertas, primeiro ouro feminino no boxe, patinação, taekwondo e triatlo, primeira dobradinha do individual geral da ginástica, primeiro pódio nos saltos ornamentais sincronizado…Até a pelota basca conseguiu o bronze que nunca tinha conquistado.

Mas também teve a manutenção de hegemonias históricas. O handebol feminino conquistou o hexa-campeonato e a ginástica rítmica, apesar de alguns erros, conseguiu trazer um ouro também pela sexta vez seguida. O revezamento 4x100m da natação manteve a tradição de não perder a prova: a última derrota foi em 1995, no Pan de Mar del Plata.

O bom desempenho da delegação brasileira representou bons índices de audiência para a TV Record, detentora dos direitos de transmissão dos Jogos Pan Americanos para o Brasil, assim como dos direitos sobre os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno. A emissora demonstra que apostar no esporte é uma boa maneira de se conectar com seu público e aumentar a audiência. Agora, próxima parada: Santiago do Chile em 2023.

Como fica o Brasileirão?

Com o envolvimento dessas equipes em competições paralelas – Grêmio, Internacional (Copa Libertadores e Copa do Brasil), Flamengo, Palmeiras (Copa Libertadores), Cruzeiro, Athletico-PR (Copa do Brasil), Crotinthians, Fluminense e Atético-MG (copa Sul-Americana) -, a disputa do Campeonato Brasileiro fica prejudicada.

Um bom exemplo é o Grêmio que se encontra na 14ª posição, com apenas 17 pontos ganhos – bem aquém do potencial da equipe. Isto se deve à escolha de Renato Portaluppi, que prefere apostar nas competições de mata-mata em vez de prestigiar o campeonato nacional no qual a regularidade é o fator determinante para se conquistar o título.

Evidentemente, isto é feito com a anuência da diretoria e com a aprovação da torcida. Entretanto, é uma cartada arriscada. Caso consiga vencer a Copa do Brasil e a Copa Libertadores da América, Renato será ainda mais incensado no clube onde despontou para o futebol. Mesmo se vencer apenas um dos títulos, seu prestígio continuará em alta. Entretanto, se não conseguir nenhuma destas competições, terá de se dedicar com tudo ao Brasileirão.

O problema, nesse caso, é a distância para os primeiros colocados. Atualmente, o Tricolor gaúcho está a 15 pontos de distância do Santos, líder do Campeonato Brasileiro, a 12 do Palmeiras, vice-líder, e a 10 de Flamengo e Atlético-MG, respectivamente 3º e 4º colocados. Ou seja, terá uma missão bem difícil para recuperar os pontos perdidos advindos da escalação de equipes mistas ou reservas.

Elencos maiores

Claro que os adversários também estão envolvidos com outras competições, no entanto, Palmeiras e Flamengo possuem elencos mais numerosos, enquanto Atlético-MG e Corinthians (6º) disputam um torneio mais fraco. Já Santos e São Paulo (5º) foram desclassificados nas outras competições e podem focar somente no Brasileirão.

Ou seja, esta tática de apostar somente em torneios de mata-mata é discutível, sobretudo para os clubes de Porto Alegre. A última vez que o Grêmio sagrou-se campeão brasileiros foi em 1996 nas finais com a Portuguesa de Desportos. Portanto, há 23 anos. O Internacional, por sua vez, está ainda pior. Depois de ter uma década de 70 fenomenal na qual foi campeão brasileiro em 75, 76 e 79 este último título, conquistado com as finais contra o Vasco da Gama, foi obtido sem o Colorado ter perdido uma partida sequer. Bons tempos, mas lá se vão 40 anos!

Enfim, só o tempo dirá se a estratégia se revelou acertada ou não. Pelo menos, os times gaúchos saíram na frente dos adversários nas semifinais e está pintando a final com Gre-Nal, misturando o azul do Grêmio ao vermelho do Inter. Só não gostaria de ser um dos árbitros nas duas finais…

Grêmio derrota Furacão na semifinal da Copa do Brasil

Arena do Grêmio: palco de quatro jogos decisivos, dois contra o Palmeiras e dois contra o Furacão. No primeiro deles, o Imortal se deu bem (Foto: Divulgação)
Arena do Grêmio: palco de quatro jogos decisivos, dois contra o Palmeiras e dois contra o Furacão. No primeiro deles, o Imortal se deu bem (Foto: Divulgação)

Em um duelo de equipes com identidades bem definidas, prevaleceu a frieza de quem está habituado a viver o ambiente de uma decisão e todas as suas nuances para conquistar títulos nas últimas quatro temporadas. Na quarta-feira (14), o Grêmio dominou e venceu o Athletico-PR por 2 a 0 na Arena, pelo jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil. André e Jean Pyerre marcaram os gols que dão vantagem aos gremistas. O público pagante de 40.175 torcedores que proporcionou a renda de R$ 1.931.786,00. Entretanto o público total 43.280 espectadores comemoraram bastante a vantagem no jogo de ida.

Com a vitória, o Grêmio pode até perder por 1 a 0 no duelo da volta, que garante a vaga na final. O Athletico-PR precisa vencer por três gols de diferença pela vaga.  Uma vitória por dois gols de diferença favorável ao Furacão leva a decisão aos pênaltis – não há critério de gol qualificado. A decisão ocorre no dia 4 de setembro, na Arena da Baixada, em Curitiba. Antes deste confronto, porém, as duas equipes voltam a se enfrentar na Arena do Grêmio, no dia 24 de agosto (sábado), em partida válida pela 16ª rodada do Brasileirão. Serão três partidas entre as duas equipes em três semanas.

Não é apenas contra o Athletico-PR que haverá uma overdose de jogos com o mesmo adversário. Com o Palmeiras será ainda mais apertado. Em duas semanas os dois adversários se enfrentarão três vezes. Neste sábado (17), na Arena do Grêmio, gaúchos e paulistas devem entrar em campo com suas equipes reservas em jogo válido pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro. Ambos vão poupar seus titulares para o confronto do dia 20 (terça-feira), no mesmo estádio, no jogo de ida das quartas de final da Copa Libertadores da América. O jogo de volta está marcado para o dia 27 (terça-feira) no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. O vencedor deste duelo enfrentará o ganhador do confronto entre Internacional e Flamengo, que disputarão suas partidas nas próximas quartas-feiras – dia 21 no Maracanã e dia 28 no Beira Rio.

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