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Isenção de vistos para brasileiros é realidade distante, diz embaixador

Sérgio Amaral está prestes a assumir a Embaixada do Brasil em Washington e joga um balde de água fria na esperança dos brasileiros

Sérgio Amaral será o novo embaixador do Brasil em Washington
Sérgio Amaral será o novo embaixador do Brasil em Washington

DA REDAÇÃO (com Folha de S. Paulo) – Prestes a assumir um dos postos mais importantes da diplomacia brasileira no exterior – a Embaixada do Brasil em Washington –, Sérgio Amaral, disse que o Brasil está hoje mais distante de fechar um acordo de isenção de vistos com os EUA. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Amaral disse: “Se antes já era difícil conseguir a isenção de vistos, agora essa dificuldade é maior”, disse à Folha. Amaral já teve o nome aceito pelo governo dos EUA, mas precisa ainda do aval do Senado brasileiro após sabatina em 11 de agosto.

Segundo ele, com a crise, mais pessoas tentam ir para os EUA trabalhar e mais vistos são negados, aumentando a taxa de rejeição do país. Ele afirma que o Brasil já ultrapassou em 3% a quantidade de vistos negados nas embaixadas e esse é um dos critérios para a isenção de vistos.

“A eliminação de vistos é, no momento, mais difícil, porque eles têm um critério de nível de rejeição de pedido de visto abaixo de 3%. A gente já passou dos 3% ultimamente por causa da situação econômica. Na medida em que a situação econômica se deteriora, mais pessoas querem trabalhar nos EUA, e aí a imigração americana é mais rigorosa. Sendo mais rigorosa, há um percentual maior de vistos negados”, disse.

Ele afirma que há projetos que têm mais potencial de sair em curto prazo, como o “global entry” [que facilita a entrada de viajantes frequentes], a liberalização do comércio de carnes, os acordos de facilitação de comércio e o “Open Skies” [que liberaliza as rotas aéreas].

Relação Brasil x EUA

Amaral disse que é necessário recuperar a confiança entre os dois países. “Durante um bom tempo, houve um processo pendular das relações. Talvez nós tenhamos atingido agora o momento de maturidade da relação, em que não há mais razão para desconfianças. Não temos mais relação de dependência”, disse.

Para ele, os governos anteriores, dentro de uma política mais geral de afinidade ideológica, não privilegiaram as relações com os EUA. “O resultado é que não tivemos com os EUA nos últimos anos projetos mais importantes como tivemos com a Europa, a China”.

O diplomata Sérgio Amaral recebeu o agrément (aceitação formal) do governo americano para ser o novo embaixador do Brasil em Washington. Amaral foi ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior e porta-voz da Presidência no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Aos 72 anos, o diplomata já foi embaixador em Paris e Londres e serviu nas embaixadas de Washington, Bonn e na missão permanente do Brasil junto à ONU em Genebra. Também foi presidente da Associação dos Países Produtores de Café e do Conselho Empresarial Brasil-China.

Amaral será agora sabatinado no Senado e precisa ter seu nome aprovado no plenário. Ainda não há previsão para sua chegada à capital americana.

Ele substituirá Luiz Alberto Figueiredo, chanceler no governo da presidente afastada Dilma Rousseff, que há duas semanas recebeu o agrément de Portugal para ser embaixador do Brasil em Lisboa.

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