Ciência e Tecnologia

Satélite de Júpiter tem oceano abaixo da superfície, diz NASA

Telescópio espacial Hubble detecta indícios de gêiseres na atmosfera do satélite

Europa fica a mais de 390 milhões de milhas (cerca de 627 milhões de km) da Terra

No livro “2010”, do falecido escritor inglês Arthur C. Clarke, sequência do clássico “2001, Uma Odisseia no Espaço”, somos avisados por uma inteligência superior que poderíamos explorar todos os astros do nosso sistema solar, menos um – Europa, um satélite de Júpiter com 1.900 milhas de diâmetro e a 390,4 milhões de milhas de distância da Terra. Isso porque, no livro de Clarke, havia vida no oceano abaixo da superfície congelada do satélite.

Não foi exatamente isso que a NASA divulgou na segunda-feira (26), mas foi bem perto. O telescópio Hubble, que observa o espaço em órbita da Terra, registrou emissões de gêiser a 125 milhas de altura acima da superfície de Europa, muito provavelmente provenientes de algum material chovendo de volta ao solo, disse um comunicado da NASA.

É a mais consistente evidência até agora de que Europa possui debaixo de sua superfície um colossal oceano, com mais que o dobro da quantidade de água que há na Terra. O oceano é inteiramente coberto por uma camada de gelo, extremamente fria e de espessura desconhecida. O satélite é o mais promissor candidato do nosso sistema para abrigar vida, além da Terra.

“Se as emissões forem comprovadas, elas poderão nos dar acesso ao material que há no oceano sem a necessidade de perfurar a superfície gelada para encontrá-lo”, disse William Sparks, pesquisador-chefe do Space Telescope Science Institute, em Greenbelt, Maryland.

Europa é um pouco menor que a nossa lua. É uma das quatro maiores luas de Júpiter e a segunda mais próxima do maior planeta do nosso sistema solar.

O Hubble detectou as emissões três vezes em 2014, principalmente na região do polo sul de Europa, disseram os cientistas.

A água é fundamental para a existência da vida como a conhecemos. Na Terra, há vida em toda parte onde há água, nutrientes e energia. Por isso os cientistas têm um interesse especial em outros astros do nosso sistema solar onde possam encontrar a substância.

O Hubble já havia detectado fenômenos parecidos em Europa antes. Em 2012, o telescópio observou uma emissão de vapor d’água sobre o polo sul do satélite, mas a primeira pista de que haveria um oceano escondido em Europa veio dos dados enviados pelas naves Voyager, que passaram por Júpiter em 1979.

A sonda Galileo, que permanceu em órbita do sistema de Júpiter entre 1995 e 2003, detectou em seguida um campo magnético provavelmente causado pela movimentação de um oceano salgado sob a superfície de Europa.

O mistério pode ser solucionado de vez quando uma nave prevista para ser lançada na metade da década de 2020 alcançar o satélite. Segundo a NASA, a sonda vai realizar mais de 40 sobrevoos próximos à superfície de Europa, possivelmente colhendo o material das emissões que jorram de lá. Com as amostras será possível concluir a composição do oceano e se elas são propícias para o surgimento de vida.

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