Histórico

A batalha por uma reforma imigratória na reta final no Senado

Líderes do Congresso e do Governo querem aprovar uma reforma imigratória justa e abrangente

Líderes do Congresso e do Governo pressionaram neste domingo (21) a favor de uma reforma imigratória nos EUA, um projeto que se encontra agora na reta final no Senado.

Os secretários de Justiça, Alberto Gonzales, e de Estado, Condoleezza Rice, bem como líderes democratas e republicanos do Congresso, reforçaram em vários programas de televisão a necessidade de iniciar a maior reforma imigratória desde 1986.

O Senado retoma nesta segunda-feira (22) o debate para finalizar o texto de sua versão da reforma e submetê-lo a uma votação definitiva na sexta-feira.

Das 15 emendas já aprovadas pelo Senado, a mais polêmica talvez tenha sido a do republicano James Inhofe que decreta o inglês como “idioma nacional” dos EUA, embora também tenha sido aprovado outra, do democrata Ken Salazar, que o descreve como um “idioma comum e unificador”.

Alguns líderes da oposição e a maioria das organizações hispânicas disseram ser a emenda Inhofe um sinal de racismo contra a minoria mais representativa do país. Asseguram, além disto, que esta emenda poderá motivar cortes nos serviços sociais para aqueles que não dominam o inglês.

O senador democrata Ron Wyden revelou à rede de TV CNN que “o inglês nos une” e com esta emenda os republicanos só conseguiram polarizar ainda mais o debate. Mas Gonzales assegurou nos programas das cadeias CBS e ABC que a emenda Inhofe, em todo o caso, só terá um efeito “simbólico” – o inglês já é o idioma dominante – e não alterará os direitos estabelecidos pela lei federal para as minorias étnicas. Apesar do clima político atual, o Congresso deve aprovar a reforma “porque se trata da segurança nacional deste país”, disse Gonzales.

O presidente George W. Bush pediu ao Senado em três diferentes ocasiões esta semana que aprove antes do final do mês uma reforma que reforce a vigilância fronteiriça e ofereça alívios para os imigrantes indocumentados mediante um programa de trabalhadores temporários e um possível programa de legalização.

Seu anúncio de que deslocará até 6.000 soldados da Guarda Nacional para a fronteira com o México a partir do próximo mês e durante dois anos foi interpretado como um agrado aos conservadores que pedem mão firme contra os imigrantes clandestinos. Gonzales e Condoleeza Rice repetiram que a Guarda Nacional só apoiará a Patrulha Fronteiriça e não terá autoridade para deter os indocumentados.

Isto, no entanto, não tem satisfeito os republicanos mais conservadores do Congresso, particularmente os da Câmara dos Deputados, que, em dezembro passado aprovaram uma medida do republicano James Sensenbrenner, concentrada na segurança fronteiriça e sem benefícios para os indocumentados.

No programa da CBS, Sensenbrenner manteve sua oposição a uma “anistia” como a de 1986, porque “não se aplicaram as sanções empresariais” e aumentou a população indocumentada. A senadora democrata Dianne Feinstein replicou no mesmo programa que os EUA devem resolver a situação dos que já estão no país, e propôs um programa chamado “cartão laranja” à prova de fraude e que impõe multas e muitos requisitos. Este programa seria um passo anterior para que os indocumentados possam solicitar a residência permanente, porque, segundo comentou, está claro que estes não retornarão a seus países assim que terminar um possível programa de trabalhadores temporários.

O projeto que sair do Senado tem de ser homologado com o da Câmara de Deputados para converter-se em lei. “O processo bicameral será difícil porque há diferentes visões sobre como responder a estes assuntos complexos. São assuntos que se acumularam durante anos, por negligência”, analisou o senador republicano Chuck Hagel à cadeia CNN, embora tenha expressado otimismo em que o Congresso aprovará a reforma imigratória.

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