Histórico

Religiosos denunciam medo em Denver

Os dirigentes advertiram que muitos imigrantes legais são detidos e tratados como criminosos pelas autoridades

Dirigentes religiosos latinos e muçulmanos advertiram que as atuais leis imigratórias do Colorado estão afetando cidadãos e residentes legais a ponto de provocar o isolamento social destas duas comunidades.

Durante um recente encontro, o pastor Fidel Montoya e o imam Ibrahim Kazerooni concordaram que, ao contrário da crença popular, os que estão sendo mais afetados pelas leis de imigração não são aqueles que carecem de documentos, mas, sim, aqueles que, apesar de tê-los, pertencem a estes dois grupos minoritários.

“Há três anos venho dizendo a meus colegas que devemos levar conosco o passaporte americano, para mostrar, caso sejamos detidos pela polícia, que somos cidadãos. Antes caíam na risada quando sugeria isto, mas agora sabem que tenho razão”, comentou Montoya, que dirige um ministério cristão latino em Denver.

“Temos tido casos recentes neste estado de jovens muçulmanos nascidos nos Estados Unidos e de pais americanos que foram deportados para a Síria ou para o Paquistão, sem que suas famílias soubessem e sem ter acesso a um advogado. Quando alguém sai para dirigir, nem sempre leva o passaporte, mas temos de fazer isto”, comentou Kazerooni.

“Temos ficados cegos a ponto de tratarmos como criminosos aqueles que não são. Por isto nã creio que haja uma reforma imigratória, porque primeiro é preciso haver uma reforma de corações”, opinou Montoya.

Não há fronteiras

Por sua vez, Kazerooni enfatizou que “a fé não reconhece fronteiras artificiais”, mas “as autoridades de imigração tampouco as reconhecem”, pois muitos muçulmanos, com seus documentos em ordem, “são tratados como indocumentados”.

“Quando as leis imigratórias se baseiam em perfis raciais, desumanizam as pessoas. E quando isto ocorre, a comunidade se isola. E depois nossos críticos nos dizem que somos nós que não queremos nos integrar à sociedade”, ponderou o religioso muçulmano.

Segundo Montoya, as estatísticas da Unidade Policial de Imigração da Patrulha Rodoviária do Colorado para 2007 demonstram que cerca de 80 por cento dos detidos por estes patrulheiros são latinos cidadãos ou residentes legais.

“Claramente, isto é racismo”, disse Jann Halloran, diretora de Justiça Social do Concílio de Igrejas do Colorado e uma das organizadoras do encontro.

“Não sabemos como será a reforma imigratória, mas sabemos que não podemos mais continuar como estamos. Devemos rechaçar este clima de temor”, finalizou.

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