No mês passado, um referendo na Suíca aprovou por diferença mínima um projeto que acaba com a livre circulação de trabalhadores europeus e estabelece limites para a entrada de estrangeiros. Outros países europeus estão querendo usar o exemplo suíço e limitar a entrada e circulação de estrangeiros, mesmo que sejam de países vizinhos.
A decisão mostra que muitos europeus estão perdendo a vergonha de dizer abertamente que são contra a imigração. Para governos, o resultado foi um alerta sobre uma tendência cada vez mais conservadora da sociedade. Já para os diversos partidos de extrema direita, o referendo serviu para mobilizar recursos para as eleições de maio para o Parlamento Europeu.
O projeto foi apresentado pelo Partido do Povo Suíço (SVP, na sigla em alemão). Um mês antes da votação, a lei não tinha mais do que 30% de apoio. A estratégia foi manter a campanha discreta por meses. Quando faltavam duas semanas, o partido inundou o país com pôsteres de mulheres islâmicas de véu entrando na Suíça. Funcionou.
Oficialmente, a União Europeia anunciou que poderia retaliar Berna em razão da decisão, suspendendo tratados de investimentos e recursos financeiros para projetos científicos. Bruxelas, na Bélgica, também anunciou o fim de parcerias para o intercâmbio de estudantes. A preocupação dos políticos europeus não é o destino dos estrangeiros na Suíça, mas o fato de que, a partir de agora, partidos radicais usarão o exemplo suíço para forçar a aprovação de leis parecidas.