A alta do dólar e a crise econômica no Brasil parecem não ter afetado as vendas de imóveis para brasileiros na Flórida (EUA). Segundo um levantamento da imobiliária paulistana Lello, no primeiro semestre deste ano subiu 26,5% o número de imóveis vendidos para brasileiros nos EUA, na comparação com o mesmo período de 2014.
O maior crescimento aconteceu em Orlando (38%), seguido por Miami (15%). De cada dez compradores brasileiros, oito pagaram o imóvel à vista e dois usaram créditos imobiliários nos Estados Unidos, de acordo com a pesquisa. O valor médio dos imóveis comprados pelos brasileiros em Miami é de $450 mil; em Orlando, de $250 mil, informa a imobiliária.
O corretor de imóveis Joe Souza, da Casa Bella Flórida, afirma que a desvalorização do real frente ao dólar irá mudar, em um prazo mais longo, o perfil de imóveis em que o brasileiro irá investir. “Se o dólar continuar nesse patamar, o brasileiro que investe nos Estados Unidos vai pensar duas vezes antes de comprar. Creio que eles vão continuar comprando, mas o foco será diferente, em vez de imóveis de luxo para uso próprio, eles vão comprar propriedades de investimento para formação de um portifólio de propriedades que geram retorno e façam parte de um planejamento financeiro estratégico”, disse Joe.
Segundo Souza, os brasileiros continuam comprando. Em sua grande maioria, são famílias que que buscam escolas boas, qualidade de vida e segurança, além de brasileiros que já se estabeleceram na região e atraem seus relacionados, outros que investem num portifólio de propriedades na busca de um retorno financeiro acima de 7% ao ano para imóveis de aluguel e até mesmo para reforma e revenda. “Acredito que com a desvalorização do real a instabilidade financeira do Brasil, os brasileiros que chegam na Flórida para comprar imóveis vão estar buscando outras oportunidades de investimento para seu dinheiro também”.
Além de Miami
Na área de Miami, os principais pontos de interesse dos brasileiros continuam sendo Miami, Miami Beach, Sunny Isles, Aventura e Bal Habour. As cidades próximas dessas áreas também têm uma grande procura. “Quando o brasileiro chega em Miami e descobre que tem muitos lugares que são super interessantes para morar, ele tende a abrir seu leque de opções de compra. Acredito que isso vai acontecer mais agora, com a desvalorização do real, uma vez que em outras cidades da grande Miami os preços são mais competitivos”, acrescenta.
Em cidades próximas a Miami, nos condados de Broward e Palm Beach, a procura tem aumentado devido aos preços mais baixos dos imóveis. “Os condados de Broward e Palm Beach hoje estão mais competitivos do que o mercado de Miami. Podemos levar em consideração alguns fatos importantes. Miami investiu bilhões de dólares na infraestrutura da cidade e na renovação de áreas que antes eram pouco valorizadas, como downtown, Miami Design District, entre outras. Com isso, o preço de um imóvel aumentou muito. Nas áreas de Broward e Palm Beach, o aumento do valor das propriedades foi grande, mas tem sido mais consistente, sem esses fatores agregantes. Em cidades como Fort Lauderdale, Coral Springs, Deefield Beach (no condado de Broward), Boca Raton, Delray Beach e Boyton Beach, Wellington (no condado de Palm Beach), os preços estão mais competitivos. De uma forma geral, podemos dizer que o mercado imobiliário está aquecido, com mais procura do que oferta e a valorização do imóvel está se mantendo constante”, completa Joe.
