Com maioria republicana, o Senado da Flórida deve votar nas próximas horas o projeto de lei que transfere para o governo estadual o controle sobre o distrito especial da Walt Disney Co. Se aprovada, a medida segue para sanção de Ron DeSantis e encerra uma disputa que começou em março do ano passado, quando o CEO da empresa, Bob Chapek, foi acusado de ter agido pelas costas do governador para reprovar a polêmica lei Don’t Say Gay.
Como retaliação, DeSantis aprovou uma legislação que elimina o distrito especial que inclui a Walt Disney World e o parque temático de Orlando. A reação pegou a todos de surpresa, já que a companhia foi a maior doadora de verbas para a campanha do republicano em 2018.
A área de 100 km² nos condados de Orange e Osceola, que engloba o Reedy Creek Improvement District, como é chamado o distrito especial, foi concedida à empresa em 1960. No local, a Disney tem autonomia para cobrar impostos e garantir serviços públicos essenciais, como coleta de lixo e tratamento de água.
Caso passe para domínio do governo da Flórida, o local vai passar a chamar Central Florida Tourism Oversight District, e será controlada por uma comissão formada por cinco membros nomeados por DeSantis. Conforme o texto, qualquer pessoa que tenha sido funcionário, executivo ou diretor de parque temático nos últimos três anos não pode integrar a comissão.
De acordo com dados do próprio governo, o Reedy Creek Improvement District tem uma dívida de $ 1,18 bilhão em títulos, receitas de serviços públicos e impostos sobre propriedade. No ano passado, a Disney chegou a dizer que se o distrito especial for dissolvido, suas dívidas serão transferidas para a nova administração. Para escapar de herdar o débito, DeSantis incluiu no projeto de lei uma cláusula que mantém a responsabilidades de quitar as dívidas com empresa. “Não vou ter uma corporação controlando meu próprio governo”, falou DeSantis em coletiva de imprensa na semana passada.
O presidente do Walt Disney World Resort, Jeff Vahle, divulgou um comunicado no qual disse que estava monitorando a legislação, que já foi aprovada na Câmara Estadual. Caso passe também no Senado, que tem maioria absoluta de republicanos, vai para a sanção do governador.
A Walt Disney Co. emprega cerca de 75 mil funcionários na Flórida e é uma dos principais motores da economia turística da região central do estado.