Em meio à zona rural do interior da Louisiana, quase 7 mil pessoas aguardam, detidas, para saber se serão expulsas dos Estados Unidos. E esse número pode crescer muito em breve. O governo Trump está em fase de expansão acelerada do sistema de detenção migratória, mirando dobrar a capacidade atual — a maior do mundo — para 100 mil leitos. Contratos bilionários estão sendo firmados com empresas privadas, inclusive antes mesmo de o Congresso aprovar o aumento no orçamento do Immigration and Customs Enforcement (ICE).
O ICE chegou a lançar um edital de até $45 bilhões para novas instalações. Só neste mês, um contrato de quase $4 bilhões foi fechado para operar um centro em Fort Bliss, Texas. Outros acordos incluem mil vagas em Newark e duas mil e quatrocentas no Texas, para famílias com crianças. O mercado gostou, pois contratos bilionários garantem lucro estável e crescimento para empresas do setor: desde a reeleição de Trump, ações de empresas como Geo Group dispararam até 94%.
A Louisiana virou peça-chave nesse plano. Em 2019, o ICE assumiu cinco presídios desativados no estado. Hoje, só perde para o Texas em número de camas disponíveis. Os centros de detenção ficam em áreas remotas, o que pode dificultar o acesso desde advogados a familiares.
Para defensores dos direitos dos imigrantes, o crescimento da detenção está diretamente ligado ao plano de deportações em massa prometido por Trump em campanha. “É assim que a máquina funciona: isola, desumaniza e acelera a remoção”, disse Carly Pérez Fernández, da Detention Watch Network. Enquanto isso, audiências por videoconferência viram o novo normal, mas advogados alertam que a prática distancia juízes da realidade enfrentada por quem está do outro lado da tela.