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Restaurantes Paris 6 e Madero fecham as portas em Miami

De acordo com o Small Business Administration (SBA), cerca de 80% das empresas que abriram as portas, fecharam em 2015 (dados mais recentes)

Paris6 Miami fechou as portas
Paris6 Miami fechou as portas

O empresário Isaac Azar, criador do Paris 6, desistiu do restaurante em Miami. Em conversa com Arnaldo Lorençato, da Veja SP, afirmou estar fechando a filial que mantinha nos Estados Unidos desde o fim de 2016. “Miami é uma ilusão. Perdi 4 milhões de dólares. Volto para o Brasil em duas semanas e vou assumir a operação nacional”. Ele adianta que passará a trabalhar com franquias como a que existe em Brasília. “Essa unidade faz um tremendo sucesso comercial”, enfatizou.

Azar foi categórico em relação à empreitada na cidade americana preferida dos brasileiros: “Volto para o Brasil em duas semanas e vou assumir toda a operação nacional. Não valia a pena ficar em Miami, onde o resultado foi muito abaixo do esperado. Essa cidade não dá lucro. É uma ilusão. Perde-se muito dinheiro aqui. Um bilionário que investir na cidade vai ficar milionário em pouco tempo, porque não há retorno. A gente perdeu fácil, fácil 4 milhões de dólares. Os atuais franqueadores da loja de Miami fecharam em maio e prometeram reabrir depois de uma reforma. E nada. Pensei em reabrir eu mesmo. Mas desisti”.

Ele está aproveitando para rever o conceito de negócio do Paris 6. “Fechei o Paris 6 de Porto Alegre e não pretendo ficar com a casa de Belo Horizonte, que não dá prejuízo, mas não produz resultados. Nesse caso, transformarei BH em franquia, para que tenha uma administração mais presente”, comentou Azar.

“A partir de agora, teremos sistema de franquias do Paris 6 e quero chegar a mais capitais e cidades maiores. Nesse novo formato de negócio, a próxima é Goiânia, que deve abrir em 60, no máximo, em 90 dias. Você se lembra do Azaït, meu restaurante especializado em azeites, que ficava na Rua Peixoto Gomide? Estou pensando em ressurgir com ele”, contou o empresário.

Se as casas têm decepcionado, Azar está comemorando o sucesso nas redes sociais: “Estou muito feliz. O Paris 6 bateu 1 milhão de seguidores no Instagram e é o único restaurante com esse número no Brasil”.

Pé no freio

De acordo com reportagem da Revista Exame, para a rede de hamburguerias Madero, o objetivo da expansão foi tentar repetir os bons resultados do Brasil, com crescimento anual médio de 55% entre 2013 e 2015, em um mercado maior. No começo de 2015, a rede investiu 1,5 milhão de dólares em uma hamburgueria piloto na Ocean Drive, principal via turística de South Beach, Miami.

Mas o lucro sensacional esperado não veio, afirma o fundador Junior Durski, e as portas se fecharam em maio deste ano. “Lucro pouco não quebra ninguém, mas nós chegamos à conclusão de que não faria sentido ficarmos com um só restaurante nos EUA, que dá o mesmo trabalho que três restaurantes no Brasil”. A hamburgueria de Miami faturava 200 mil dólares por mês, dentro as expectativas, mas fechou 2017 com apenas 140 mil dólares de Ebitda.

 

O número é pequeno diante da operação brasileira, na qual as 123 unidades do Madero apresentaram 91 milhões de reais de Ebitda apenas nos últimos seis meses. No acumulado de 2018, a projeção desse mesmo Ebitda está em 200 milhões de reais.

O principal problema da hamburgueria americana do Madero era a falta de escala. Pães, hambúrgueres, molhos e sobremesas tiveram de ser preparados pelo e para o próprio restaurante, enquanto em território brasileiro há uma fábrica em Ponta Grossa (Paraná). Durski diz não pretender voltar aos Estados Unidos nos próximos cinco anos e, se mudasse de ideia, planejaria uma reentrada como rede, para diluir os custos.

Dificuldades de empreender no exterior

Todos os dias empresários brasileiros procuram agências de consultoria, o amigo mais próximo que mora nos Estados Unidos ou até a comunidade brazuca no Facebook a procura de informações de como expandir seus negócios para a terra do Tio Sam. Não é para menos, o País é a maior economia do mundo e o hobby preferido do americano é consumir, desde produtos a serviços.

Com uma grande variedade cultural de estado para estado, o empresário estrangeiro vê no mercado americano a mina de ouro para abrir uma filial, franquia ou até o primeiro negócio da família. Entretanto, quem trabalha na área e lida diretamente com esses empresários visionários pedem cautela na hora do investimento.

A Flórida tem aproximadamente 20 milhões de habitantes, desses, de acordo com a estimativa do Consulado Geral do Brasil em Miami, aproximadamente 300 mil são brasileiros, apenas 1,5% da população do estado.  A região do Tri-County (Miami-Broward-Palm Beach) corresponde a 8ª. região mais populosa e economicamente ativa do País. São 6,7 milhões de habitantes.

Mesmo assim, o órgão americano responsável por dar suporte às pequenas empresas, Small Business Administration (SBA) afirma que em 2015, cerca de 80% das empresas que abriram as portas, fecharam. Eles não separam entre empresários americanos e estrangeiros e os dados de 2016 ainda não foram divulgados.

Mas aparentemente esta porcentagem não intimida ninguém, o número de empreendimentos na Florida cresce três vezes mais do que o ritmo nacional, 4%, contra 1,2%

“Miami é o portão de entrada para a América do Sul e por isso os pequenos negócios comandados por minorias (mulheres, estrangeiros por exemplo) crescem em ritmo acelerado”, explica Jonel Hein, Diretora Distrital do SBA no Sul da Flórida.

Empresários podem contar com ajuda brasileira em terras americanas

Os brasileiros que querem investir na Florida têm a possibilidade de contar com apoio em português para orientar sua caminhada rumo ao sucesso nos negócios. A Brazilian-American Chamber of Commerce of Florida (BACCF) foi criada em 1981 com a missão de fomentar os negócios entre o Brasil e a Flórida.

A entidade oferece workshops e seminários no Brasil e nos Estados Unidos para orientar os brasileiros empresários sobre o mercado americano. No Brasil, a programação acontecerá de abril a maio em 2018.

Na opinião do empresário Carlos Mariaca, membro do conselho da BACCF, o brasileiro antes de iniciar o projeto de expansão precisa de fontes estabelecidas e confiáveis para entender as diferenças e peculiaridades dos EUA e como conduzir seus negócios no País. “Quando for escolher os especialistas locais que vão assessora-lo, recomendamos averiguar a experiência profissional nos EUA e pedir por referências”, aconselha.

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