Histórico

Seis meses depois, ninguém tem notícia sobre brasileira desaparecida

Carla Vicentini, paranaense de Goioerê, desapareceu em Newark no dia 9 de fevereiro e até o momento ninguém sabe informar seu paradeiro


Poderia ser o início de uma brilhante carreira. A estudante paranaense Carla Vicentini, 22 anos, saiu de Goioerê, na região Centro-Oeste do estado, onde mora junto com os pais, no dia 18 de janeiro com destino a Dover. Carla foi para os Estados Unidos estudar inglês por meio de uma agência de intercâmbio. Ela saiu do Paraná com moradia e emprego acertados pela agência. Como domínio do inglês, ela teria melhores oportunidades no mercado de trabalho brasileiro, pois ela pretendia retornar para o Brasil.

No entanto, sua estadia em terras americanas não foi tão rósea como ela imaginava. Após uma semana, ela trocou de emprego e começou a dividir o apartamento com uma recente amiga, Maria Eduarda Ribeiro, apelidada de Duda, na cidade de Newark. Duda também era estudante e morava em Brasília.

Com menos de um mês de Estados Unidos, no dia 09 de fevereiro, Carla pega carona com um cliente do bar onde trabalhava até o Adega Bar and Grill, local de trabalho da amiga Duda. Carla teria saído do bar sozinha e nunca mais foi vista. De acordo com o gerente da casa, mais de 700 pessoas entram e saem do Adega Grill por noite. Já o Adega Lounge, onde Duda trabalhava, chega a receber de 250 a 300 pessoas numa única madrugada.

Marco Oliveira, gerente do Adega Lounge, afirma estar fechando o caixa no horário do desaparecimento e que não conhecia bem Carla Vicentini. O gerente relata que a brasileira havia bebido muitas doses de uísque misturado com bebida energética, pagas por um homem suspeito. Ela não parecia embriagada quando entregou a Oliveira um pedaço de papel dizendo “Você pode entregar isto para a Duda?”

Bilhete misterioso – Marco Oliveira confirma ter entregue o bilhete para Maria Eduarda e acredita que esse bilhete tenha sido perdido. A anotação pode conter a chave do mistério, pois se acredita que nele estava escrito o nome Antônio e um nímero de telefone.

A família, porém, soube do sumiço de Carla, três dias depois.Duda e o empresário francês José Fernandes (dono do apartamento onde Carla e a amiga moravam) ligaram para a família avisando do desaparecimento. Poucos dias depois, Fernandes embarca para Goioerê – onde tinha uma audiência marcada.

A polícia de Newark começa a investigar o caso. A primeira investida é conseguir as fitas do circuito interno do bar onde Carla foi vista pela última vez. O dono do bar, numa atitude no mínimo suspeita, nega-se a entregar as fitas que poderiam mostrar com quem Carla saiu. Dias depois, a polícia informou que teve acesso às fitas, mas as câmeras que captavam imagens da porta do bar não estavam funcionando em virtude de um pequeno incêndio na cozinha do bar.

A polícia ouve o rapaz que deu carona à Carla até o Adega Bar. Ele ajuda de todas as formas possíveis e não é considerado um suspeito. Duda também é chamada para depor e ajuda no retrato falado do americano. Depois disso, a brasiliense saiu do apartamento que dividia com Carla. As informações são que ela continua ajudando a polícia no caso, mas estaria morando em outro estado.

Sem pistas sobre o paradeiro de Carla, a polícia de Newark oferece US$ 2 mil de recompensa para quem tiver informações que ajudem a encontrar a Carla.

Polícia Federal entra no caso – A Polícia Federal do Brasil começa a investigar o empresário francês José Fernandes – que mora em Goioerê e é dono do apartamento onde Carla morava. A PF não confirma, mas o francês naturalizado americano Fernandes, de 75 anos, estaria sendo acusado de envolvimento no envio ilegal de brasileiros aos Estados Unidos. O empresário nega.

Sem informações concretas, o deputado federal Hermes Parcianello (PMDB), amigo pessoal da família, resolve por conta própria ir aos EUA buscar informações. Parcianello fica três dias nos EUA e consegue a ajuda de dois funcionários do Consulado do Brasil em New York para acompanhar o caso. O deputado ainda teve a garantia do consulado de que seria contratado um advogado americano para cuidar do caso.

Um mês após o desaparecimento de Carla a polícia não tem pistas sobre o paradeiro da paranaense, apesar da recompensa oferecida no valor de US$ 2 mil. Então, um empresário ítalo-americano, comovido com o caso, oferece mais US$ 3 mil, totalizando US$ 5 mil, pouco mais de R$ 10 mil de recompensa para quem tiver informações que ajude a polícia a encontrar Carla.

O FBI envia agentes para Goioerê atrás de informações sobre sumiço de Carla.

Do lado brasileiro, o Ministério das Relações Exteriores acha prematura a contração de um advogado americano para cuidar do caso, dois meses após o sumiço da jovem paranaense. Mais de 70 pessoas já foram ouvidas e ninguém sabe dar algum informação precisa sobre seu paradeiro.

Tânia Vicentini, mãe de Carla, vai a Brasília para uma audiência com o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Em pauta: desaparecimento da Carla.

Tânia é ouvida na CPMI da Emigração Ilegal, em Brasília. Comissão aprova requerimento convocando Fernandes e Duda para uma acareação. Thomaz Bastos promete durante encontro com Tânia que irá se empenhar no caso. Na audiência, agente do FBI diz que sigilo bancário de todos os clientes do bar, que usaram cartão de crédito na noite do desaparecimento, está sendo quebrado. O objetivo é localizar e entrevistar essas pessoas.

O empresário Fernandes é ouvido pela CPMI. Ele nega envolvimento com o caso e aponta possíveis suspeitos.

Tânia, mãe da Carla, vai ao Estados Unidos, no dia 19 de maio, em busca de informações e conta com a ajuda da Carole Sund/Carrington Foundation, que está oferecendo uma recompensa de US$ 5 mil por uma informação que leve ao retorno seguro da Carla.

No próximo dia 9 de agosto, serão completados seis meses do desaparecimento de Carla, sem que nada de concreto tenha sido descoberto sobre o que ocorreu com a jovem paranaense, 19 dias após ter chegado aos Estados Unidos.

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