Marcus Coltro

Voltando ao Mercado

Exercício

Divorciei quando fiz 40 anos e percebi que estava um pouco acima do peso, caso quisesse “voltar ao mercado” teria que fazer algum exercício. Sempre achei uma chatice ir à academias, mas venci a preguiça e além da academia, me inscrevi no Karatê. A primeira coisa que o Sensei me disse foi “muito difícil perder barriga” –  fiquei meio desanimado, mas enfrentei assim mesmo. A academia de ginástica ficava perto da de karatê, assim eu tinha aulas de karatê às terças e quintas, e ia à academia às segundas, quartas e sextas. Nas primeiras semanas eu mal conseguia levantar o braço para apertar o botão do elevador na volta para casa.

Notei nas primeiras aulas de karatê o quão enferrujado estava! Meu quimono triplicava de peso com o suor (sim, eca) mas eu não desisti. As aulas começavam com meia hora de aquecimento, com alongamentos, corrida e diversos exercícios. Só então as técnicas de karatê eram ensinadas – tive um leve problema ao memorizar os “kata” (katá), uma série de movimentos que simulam um combate. Após uns meses de treino as coisas começaram a ficar um pouco melhor, tirando as duas costelas que quebrei (era full-contact). O que deixa mais interessante é que tudo é feito em grupos alternados, ficando mais fácil se entrosar, o que acaba incentivando a ida às aulas (principalmente se houver alguma aluna bonita, hehe)

Mas da academia eu nunca consegui gostar, coisa chatadusinfernos! Um monte de gente bombada e narcisista, reparei que o que era mais usado na academia não era nenhuma máquina, mas sim os espelhos! Continuei indo três vezes por semana, mas o tédio não diminuía. No começo os professores vinham tentar me convencer a fazer séries de exercícios com variações dos músculos a trabalhar, mas depois de um tempo viram que eu só gostava de algumas máquinas e não seguia coisa alguma. Outra coisa que eu não entendia era o pessoal que gostava de tomar banho no vestiário e desfilar pelado – meio boiola para meu gosto… como eu ia no fim do dia, voltava pra casa e tomava banho no MEU banheiro.

Depois de um ano ralando minha resistência e o físico melhoraram bastante, mas a barriga realmente demorou a ir embora –  o tanquinho só começou a voltar depois de quase dois anos me matando! Aí minhas viagens de negócios começaram a ficar mais frequentes, e cada vez que eu faltava no karatê o Sensei reclamava. Fui parando o karatê cada vez mais até deixar de ir, a academia continuei indo, mas também desisti logo em seguida. Só não voltei à forma “redonda” inicial porque muitas de minhas viagens eram de mergulho, o que me ajudou a manter o auge físico conseguido graças a aquele tempo de malhação!

Isso foi no começo dos anos 2000, fiz muitas viagens de mergulho até 2009, foram ficando cada vez mais esparsas e os efeitos barriguísticos voltaram após uns anos… A grande diferença entre agora e da outra vez, é que o pique já não é mais o mesmo após os 50 anos. E nem sei se quero “voltar ao mercado” nesse ponto, afinal, tenho vinho e Netflix!

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