Consumidores já sentem no bolso os efeitos das novas tarifas. Empresas de diversos setores — de eletrodomésticos a produtos infantis — começaram a repassar os custos das importações para os preços finais. Gigantes como Microsoft e Sony elevaram os valores dos seus consoles, enquanto plataformas como Temu e Shein deixaram de se beneficiar da regra que isentava produtos de até $800 de taxas de importação, o que resultou em cobranças extras para os consumidores. Um carrinho de compras que custava $84, por exemplo, passou a sair por $176 com as novas tarifas, segundo relatou uma entrevistada.
Os aumentos atingem desde produtos básicos, como frutas e bebidas importadas, até artigos de alto valor, como colchões e facas premium. A Avocado Green Mattress, que fabrica seus colchões em Los Angeles, anunciou reajustes após ver subir o custo de materiais importados como látex e lã. A Zwilling, conhecida por suas facas e panelas, também alertou sobre aumentos, especialmente nos itens vindos da China, país alvo de tarifas de até 145%. As marcas alegam não ter como absorver esses custos sem prejudicar a sustentabilidade do negócio.
O setor de produtos infantis está entre os mais afetados. Empresas como UPPAbaby e Munchkin já elevaram preços em até 40% ou planejam fazê-lo em breve. Algumas delas dizem que precisarão descontinuar parte de suas linhas ou buscar alternativas de produção fora da China — uma transição considerada difícil, já que muitos itens dependem de ferramentas, processos e materiais ainda inexistentes nos EUA. A pressão afeta não só os preços, mas também a variedade de produtos disponíveis no mercado.
Mesmo quem produz nos EUA enfrenta dificuldades. As tarifas de Trump afetam matérias-primas e componentes essenciais, vindos de parceiros como Índia, Tailândia e Guatemala. Com isso, empresas que buscavam manter sua produção doméstica se veem obrigadas a repensar preços ou reduzir margens.
Com esta perspectiva, a justificativa do governo — de que as tarifas fortalecem a produção nacional — ainda não convenceu muitos consumidores, que veem pouca ou nenhuma melhora no acesso a produtos fabricados no país.