Histórico

Oposição pressiona Sarney

Afastamento do cargo é defendido até por senadores do PT, entre eles uma ex-ministra do governo Lula

Apesar de defendido pelo presidente Lula, o senador José Sarney, presidente da chamada Câmara Alta brasileira está em situação cada vez mais delicada. Os parlamentares que coordenam o grupo de oposição à sua à frente da Casa querem utilizar as investigações da Polícia Federal, do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União para reforçar os argumentos em defesa do licenciamento temporário do peemedebista. Os senadores avaliam que os discursos pelo afastamento de Sarney produziram o desgaste esperado e pretendem forçar a instalação do Conselho de Ética, que está desativado desde março esperando a indicação de quatro integrantes do PMDB.

Os nomes precisam ser apresentados pelo líder do partido, Renan Calheiros (AL), principal aliado de Sarney. “Os discursos cobrando o afastamento não produzem mais o mesmo impacto. Ficam parecendo uma canção repetitiva. Temos consciência que os apelos foram feitos, mas a decisão do afastamento é unilateral e precisa de argumentos. Por isso, vamos conferir como estão as investigação e reunir novos argumentos”, disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). No Conselho de Ética, o grupo de oposição avalia que há espaço para tentar derrubar interferências a favor de Sarney.

O presidente do Senado enfrenta oposição até mesmo dentro do partido do Governo: a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, senadora pelo Acre, integra o grupo de cinco petistas que defendem abertamente o afastamento temporário de Sarney. Ela não se escondeu do confronto com Lula e afirmou que a crise não é meramente política. “Precisamos de uma refundação do Senado, com mudanças na estrutura viciada que criou uma espécie de “Estado paralelo” sem qualquer controle”, disse. Além dela, os outros senadores do PT que defendem o afastamento de Sarney são Tião Viana, Eduardo Suplicy, Paulo Paim e Flávio Arns.

Já o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), afirma que vai continuar defendendo que Sarney seja mais uma vez denunciado ao colegiado. Desta vez, o motivo seria a interferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seu favor. “Foi um encontro às escuras. Não precisaria nem investigar. O presidente Sarney desmoralizou o Senado. Ele transformou o Parlamento em um ministério, não respeitando o preceito constitucional de separação entre os Poderes”, disse. Sarney foi denunciado na semana passada pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), ao Conselho de Ética devido aos atos secretos. O PSOL entrou com uma representação por quebra de decoro parlamentar também pelas decisões administrativas que foram mantidas em sigilo.

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