Representantes do governo dos Estados Unidos estiveram em Brasília na terça-feira (6) e propuseram que o Brasil classifique as facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas. A visita faz parte de uma série de encontros com o governo brasileiro para discutir segurança e cooperação internacional, e segundo os americanos, isso ajudaria na aplicação de sanções mais severas e fortaleceria o combate ao crime transnacional. Eles alegam que essas facções já atuam em 12 estados americanos, como Nova York, Flórida e Massachusetts, com atividades de tráfico de armas e lavagem de dinheiro.
O governo brasileiro, no entanto, rejeitou o pedido. De acordo com o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, a legislação brasileira define terrorismo como atos motivados por razões ideológicas, religiosas ou raciais, o que não se aplica ao PCC e ao CV, que têm como principal motivação o lucro através de atividades criminosas.
Especialistas apontam que classificar essas facções como terroristas poderia trazer consequências negativas para o Brasil, como o afastamento de investidores e turistas, além de possíveis impactos na economia. O coronel José Vicente, por exemplo, defende que a legislação brasileira deveria tipificar condutas criminosas como terroristas ou, ao menos, dar um tratamento similar ao chamado “terrorismo criminal”.
A proposta dos EUA faz parte de uma estratégia mais ampla do governo Trump para combater o crime organizado latino-americano, já tendo classificado grupos como o Tren de Aragua, da Venezuela, como organizações terroristas. No entanto, o Brasil mantém sua posição de tratar o PCC e o CV como organizações criminosas, reforçando a cooperação internacional no combate ao crime, mas sem alterar sua legislação antiterrorismo.