Tudo começou com a apresentação em um programa de TV católica, e logo virou fenômeno internacional. As freiras brasileiras Marizele Rego e Marisa Neves conquistaram milhões de visualizações nas redes sociais depois de uma performance inusitada: uma fazia beatbox e cantava o refrão de uma música, enquanto a outra fazia uma dança ensaiada: tudo isso com o hábito, a cruz no pescoço e muito carisma.
A repercussão foi imediata. O vídeo se espalhou pela internet, gerou memes, imitações e menções em programas de TV nos EUA. No The View, Whoopi Goldberg chamou as freiras de “uma versão real de ‘Mudança de Hábito'”, sucesso nas telas protagonizado por ela em 1992. Diante do estrelato inesperado, as freiras resolveram gravar o clipe oficial da música em Ponta Grossa, no Paraná. O set teve luzes, dançarinos e carro de som. O videoclipe, com atmosfera digna do pop, foi lançado na sexta-feira (28). E também estourou.
Segundo elas, o sucesso não é fruto só do “acaso”. “Por que algo tão simples tomou essa proporção?”, reflete a irmã Marizele. “Porque o Espírito Santo quer tocar os corações. Mas, além disso, tem também o algoritmo”, completou, bem-humorada.
A história chegou até a capa do The New York Times, que dedicou uma reportagem às freiras, e abordou a nova estratégia da Igreja Católica no Brasil: usar música, com linguagem pop e redes sociais, para tentar a recuperação de fiéis, especialmente entre os jovens. Pesquisas recentes mostram que o número de católicos caiu de 83% para 57% nos últimos 30 anos no país.
Além das irmãs cantoras, esse novo movimento tem padres influenciadores, bandas religiosas e até festas, apelidadas de “raves católicas”, como uma que aconteceu no Cristo Redentor no início do ano. Em comum, a tentativa de renovação da imagem da Igreja, buscando comunhão com a linguagem dos tempos atuais.
