O FBI abriu uma investigação sobre um suposto esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). De acordo com informações reveladas pelo Metrópoles, membros da facção criminosa brasileira estariam utilizando empresas e imóveis na região de Miami, Flórida, para movimentar recursos ilegais.
Um dos alvos das autoridades é Marinel Bozhanaj, cidadão de origem albanesa associado ao PCC, que, em 2023, abriu em Miami a Bozhanaj Group Corporation, juntamente com a esposa e outro suspeito. Relatórios anuais da empresa indicam que, em setembro do mesmo ano, ele alterou a sociedade, mantendo somente seu nome e o da mulher, sem constar a identidade do sócio oculto, proprietário de um apartamento em Miami — informação confirmada pelo Ministério Público Federal (MPF) do Brasil em 2024.
Documentos analisados por autoridades americanas e brasileiras mostram que Bozhanaj também figura como proprietário de uma empresa de exportação, criada em 2015 em Miami junto à esposa, além de uma empresa de frete internacional, da qual a companheira e a filha aparecem como sócias.
Outro foco das investigações é a compra de carteiras de imunidade diplomática, utilizadas para blindar integrantes da facção. Segundo a Polícia Federal brasileira, o esquema era conduzido por Willian Barile Agati, conhecido como Senna. Ele teria negociado com o então cônsul de Moçambique no Brasil, Deusdete Januário Gonçalves, a venda de passaportes diplomáticos por valores que chegavam a R$ 2 milhões cada.
O desfecho da apuração pode gerar um dos maiores processos de cooperação bilateral entre Brasil e Estados Unidos na área criminal, atingindo não apenas o tráfico de drogas, mas também o complexo esquema de lavagem de capitais que sustenta a facção.
A atuação do PCC na Flórida já havia sido evidenciada durante o governo do ex-presidente Joe Biden, que, no final de 2021, emitiu uma ordem executiva ampliando a autoridade do Departamento do Tesouro para impor sanções a pessoas e empresas suspeitas de envolvimento com o tráfico internacional de drogas. Em março do ano passado, Diego Macedo Gonçalves, conhecido como Brahma, integrante do PCC, foi incluído na lista do Tesouro, que reúne 23 pessoas e entidades brasileiras investigadas.
Desse total, apenas Brahma está diretamente relacionado ao narcotráfico internacional. O criminoso, atualmente preso na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO), também é um dos nomes da facção citados na lista de sancionados da Lei Magnitsky — que autoriza sanções contra estrangeiros suspeitos de corrupção ou violação de direitos humanos — já durante a gestão de Donald Trump.