O Pentágono anunciou novos limites ao trabalho da imprensa dentro da sede do Departamento de Defesa. A medida exige que jornalistas credenciados assinem um compromisso de confidencialidade, que os impede de publicar informações sem aprovação prévia das autoridades, mesmo quando não forem classificadas como secretas. Segundo o documento distribuído à imprensa, o descumprimento das regras pode resultar na perda imediata das credenciais de acesso.
A decisão se soma a alterações já implementadas em maio deste ano, quando o secretário de Defesa, Pete Hegseth, impôs a necessidade de escolta para repórteres em áreas antes acessíveis. Correspondentes que atuam diariamente no Pentágono destacam que a circulação livre dentro do prédio sempre foi crucial para o trabalho jornalístico. O contato direto com autoridades e fontes, além da observação dos bastidores, muitas vezes revelava informações de interesse público que não apareciam em coletivas ou comunicados oficiais.
A iniciativa gerou forte reação entre grupos de defesa da liberdade de imprensa, como o National Press Club, que classificou a exigência como “um ataque direto ao jornalismo independente, no local onde o escrutínio mais importa: as Forças Armadas dos Estados Unidos”.
Em comunicado, o presidente da entidade, Mike Balsamo, afirmou que, ao longo de gerações, correspondentes do Pentágono informaram o público sobre guerras, gastos com defesa e decisões, o que só foi possível porque jornalistas não precisavam da permissão prévia do governo para publicar. A instituição já havia se posicionado quando ocorreram as primeiras restrições, alertando para o comprometimento da transparência e da responsabilidade pública.
Veículos como a Associated Press, a CBS, a Reuters e o Washington Post apontaram que a nova regra equivale, na prática, a uma forma de censura prévia, considerada inconstitucional por violar a Primeira Emenda, que garante liberdade de expressão e de imprensa. A exigência de pré-aprovação, mesmo sobre informações públicas, cria um ambiente de intimidação e compromete a independência editorial.
Organizações jornalísticas avaliam recorrer à Justiça para tentar barrar as medidas. Caso as restrições sejam mantidas, analistas temem que outros órgãos federais passem a adotar controles semelhantes, ampliando barreiras ao trabalho da imprensa em Washington.