Em entrevista ao programa 60 Minutes, da CBS, o presidente Donald Trump afirmou que as recentes operações conduzidas pelo Immigration and Customs Enforcement (ICE) “não foram longe o suficiente”, sugerindo que ações mais extensas e agressivas devem ser realizadas contra imigrantes em situação irregular. Ele alegou que decisões judiciais de magistrados “liberais”, nomeados por Joe Biden e Barack Obama, teriam restringido o alcance das ações da agência federal. “Não fomos tão longe quanto deveríamos”, declarou.
Quando a jornalista Norah O’Donnell perguntou se ele estava confortável com as táticas usadas nas ações contra os imigrantes, Trump afirmou que sim e alegou que muitos deles são “assassinos e criminosos” expulsos de seus países. Ao ser questionado sobre o fato de muitos deportados não serem criminosos violentos, mas sim trabalhadores – como jardineiros e operários da construção civil – o presidente interrompeu a entrevista afirmando que se tratava de “jardineiros que são criminosos”.
O republicano defendeu até mesmo táticas amplamente criticadas, como o uso de gás lacrimogêneo, invasões domiciliares e quebra de vidros de carros durante as operações. Especialistas alertam que tais métodos podem configurar violações de direitos civis.
Nos últimos meses, operações de grande porte do ICE registraram prisões em massa em diferentes estados, sobretudo em regiões com alta concentração de imigrantes latinos — como Illinois, Texas e Flórida. Em Chicago, agentes federais realizaram batidas residenciais e apreensões de veículos. Moradores relataram ruas vazias, comércios fechados e interrupção de rotinas escolares por medo de abordagens.
Organizações comunitárias afirmam que, além dos imigrantes em situação irregular, cidadãos legalizados e até mesmo americanos de origem latina estariam sendo impactados. Os advogados de imigração temem que a intensificação das ações resulte em violações de direitos fundamentais, deportações sumárias e campanhas de perseguição com motivação racial.
