Imigração

Medo da deportação amplia vulnerabilidade de brasileiras à violência nos Estados Unidos

Especialistas reforçam a importância do fortalecimento de redes de apoio e de políticas públicas bilaterais que garantam proteção efetiva às vítimas (Foto: Freepik)
Especialistas reforçam a importância do fortalecimento de redes de apoio e de políticas públicas bilaterais que garantam proteção efetiva às vítimas (Foto: Freepik)

O endurecimento das políticas migratórias tem impactado diretamente a segurança de brasileiras que vivem no país. Segundo o Deutsche Welle (DW), que mantém parceria editorial com o canal britânico BBC, o receio de ser detida ou deportada tem levado muitas vítimas de violência doméstica a evitar denúncias, ampliando a subnotificação e aprofundando sua vulnerabilidade. Na reportagem, o veículo ressalta que o temor de qualquer contato com autoridades — incluindo polícia, tribunais e hospitais — faz com que mulheres submetidas a agressões físicas, psicológicas ou financeiras permaneçam em silêncio.

A matéria relata o caso de “Roberta Castello Novo” (nome fictício), que viveu anos sob controle e violência do parceiro, mas evitou pedir ajuda por medo de represálias migratórias. Especialistas e organizações ouvidas pela reportagem afirmam que essa dinâmica tem se tornado cada vez mais comum, especialmente após o aumento das operações de fiscalização conduzidas pelo ICE.

Segundo levantamento divulgado pelo Jornal de Brasília, consulados brasileiros ao redor do mundo registraram 1.631 casos de violência doméstica e de gênero contra brasileiras no exterior em 2024, um aumento de 4,8% em relação ao ano anterior. Os Estados Unidos lideram o ranking, com 397 registros — quase um quarto de todos os casos mapeados no período. Ativistas afirmam que a subnotificação é significativa e que muitas mulheres deixam de procurar ajuda mesmo em situações de risco extremo.

O portal Política por Elas aponta que esses números podem representar apenas uma fração do problema, uma vez que comunidades migrantes enfrentam outros obstáculos para fazer denúncias, como barreiras linguísticas, isolamento social, dependência financeira e desconhecimento dos próprios direitos.

Apesar de existirem mecanismos legais nos Estados Unidos que protegem vítimas de violência — como vistos especiais para sobreviventes de abuso doméstico ou agressão — muitas desconhecem essas possibilidades ou não acreditam que possam acessar tais programas sem comprometer seu status migratório. Nos últimos anos, organizações comunitárias, coletivos de mulheres brasileiras e grupos de defesa dos direitos de imigrantes têm buscado ampliar canais de acolhimento e informação. No entanto, as demandas são crescentes e os recursos, insuficientes.

Com informações do Deutsche Welle, Jornal de Brasília e portal Politicas por Elas.

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