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Alarme, chuva e mordida de cachorro: saiba como foi a recaptura do assassino brasileiro na Pennsylvania

As últimas horas da operação policial para capturar Danilo Cavalcante foram repletas de elementos inusitados; a polícia conseguiu prendê-lo após 14 dias de buscas

Danilo Cavalcante é recapturado na Pennsylvania. Foto: Facebook

Danilo Cavalcante, o brasileiro condenado à prisão perpétua que fugiu da cadeia na Pennsylvania, foi recapturado na quarta-feira (13), depois de 14 dia de buscas. A megaoperação mobilizou cerca de 400 policiais e contou com a participação do FBI e da SWAT, além de fechar escolas e espaços públicos do condado de Chester. Mesmo assim, o criminoso conseguiu caminhar cerca de 23 milhas, roubar uma van e um rifle e ainda trocar tiros com um morador da região. Durante a fuga, o brasileiro foi avistado pelo menos oito vezes por câmeras de segurança e residentes.

As últimas horas da operação policial para pegar Danilo foram repletas de elementos inusitados. O primeiro sinal veio do alarme de um imóvel. O aviso sonoro disparou durante a madrugada dentro do perímetro onde os policiais faziam as buscas. Os investigadores não encontraram nada no local, mas isso levou a operação a focar na área. Aviões, helicópteros, homens em terra e cães farejadores foram deslocados para esse ponto e começaram uma busca mais intensa.

Uma aeronave da DEA usando equipamento de imagem térmica foi então capaz de guiar uma equipe tática que se aproximou do local onde Danilo estava escondido. Mas outro acontecimento inesperado impediu o avanço da polícia rumo à captura: uma forte tempestade, com muitos raios, atingiu a região. O avião com câmeras que detectam o calor humano teve então de recuar e voltar para a base. Equipes em terra também foram direcionadas a um local seguro e as buscas foram então interrompidas durante a madrugada.

No início da manhã, quando a tempestade passou, a polícia voltou ao ponto de calor apontado pela câmera térmica do avião. Foi quando as autoridades localizaram Danilo embaixo de uma pilha de lenha. Ele ainda tentou escapar rastejando pela vegetação. Um cão farejador foi então solto, e imobilizou o criminoso com uma mordida em seu couro cabeludo. Foi assim que os policiais se aproximaram e algemaram Danilo Cavalcante.

O brasileiro recebeu tratamento médico no local por conta da “mordida leve” e foi transportado para a prisão. Segundo a polícia, ninguém ficou ferido durante toda a ação, e nenhum tiro foi disparado – autoridades temiam a possibilidade de vítimas pelo fato de que o brasileiro estava armado com um rifle calibre 22.

Segundo o tenente-coronel George Bivens, da Polícia Estadual da Pennsylvania, Danilo será imediatamente transferido para uma penitenciária de segurança máxima “onde cumprirá sua prisão perpétua”. Em breve, ele comparecerá ao tribunal sob a acusação de fuga por crime, disseram as autoridades via comunicado.

Entrevista com a mãe do criminoso

Em entrevista ao jornal “The New York Times”, a mãe de Danilo, Iracema Cavalcante, afirmou que o filho foi treinado para lutar pela sobrevivência, mas negou que ele fosse uma ameaça à sociedade. “Ele está apenas tentando sobreviver”, afirmou. “O treinamento dele foi sofrer”, completou. A brasileira contou ao jornal que a família sempre foi pobre e que o filho nunca frequentou a escola.

Iracema, que mora no Tocantins, colaborou com a caçada do filho nos EUA gravando uma mensagem de voz, em português, pedindo para que ele se entregasse. O áudio foi utilizado em carros de som e helicóptero durante as buscas.

Na entrevista para a publicação de New York, ela reconheceu os dois crimes cometido pelo filho.

Além de ter sido condenado pela morte da ex-namorada nos Estados Unidos, Danilo é suspeito de ter matado o estudante Valter Júnior Moreira dos Reis em Figueirópolis, nos arredores de Palmas, em 2017. O caso ainda corre na Justiça do Tocantins.

Crime cruel contra a ex-namorada

Danilo Cavalcanti, de 34 anos, deu 38 facadas em sua ex-namorada, a também brasileira Deborah Brandão, de 33 anos. O crime cruel acontecem em frente aos dois filhos dela, em 2021, na cidade de Phoenixville, na Pennsylvania. O caso de homicídio em primeiro grau foi concluído em agosto com a sentença de prisão perpétua para o brasileiro.

O motivo do ataque permanece obscuro. No entanto, a acusação apresentou evidências de que Deborah havia descoberto que Danilo era procurado desde 2017 no Brasil, acusado de homicídio na cidade de Figueirópolis, em Tocantins. No dia anterior ao ataque, ela havia ameaçado levar essa informação à polícia depois que Danilo invadiu sua conta do Instagram para espioná-la, disse Ryan. “Ele então resolveu silenciá-la”, afirmou a promotora.

Leandro Cardozo Patricio, que compareceu ao churrasco no dia do assassinato, disse aos promotores, por meio de um intérprete, que Danilo havia dito que precisava “ir buscar sua mulher”. Do lado de fora da casa de Deborah, no município de Schuylkill, enquanto seus dois filhos brincavam por perto, Danilo a confrontou. Ele então atacou a ex-namorada proferindo mais de 30 facadas que atingiram a moça no pescoço, peito e costas. Os filhos de Deborah gritaram para ele parar, enquanto assistiam, indefesos, ao assassinato da mãe.

Danilo fugiu do local do crime e Deborah foi levada ao Hospital Paoli, onde mais tarde foi declarada morta.

Horas depois do esfaqueamento, Danilo foi preso na Virgínia por um policial estadual que havia recebido um boletim sobre o assassinato.

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