COLABORAÇÃO / No Ângulo do Gol / Leonardo Macedo @noangulodogol
O Brasil finalizou a sua primeira etapa de amistosos visando o Mundial de 2026 com uma vitória diante da Coreia do Sul e uma derrota para o Japão. Diante dos coreanos, a seleção foi escalada com o que havia de melhor para esta data FIFA, enquanto diante dos japoneses, Carlo Ancelotti optou por uma formação alternativa, mantendo apenas Casemiro, Bruno Guimarães e Vinicius Júnior como titulares. Algo totalmente justificável por se tratar de uma partida não oficial, e por fim, ideal para a realização de testes.
Durante todo o jogo em Seul e na primeira etapa em Tóquio, se viu uma seleção vertical, com transições, criatividade e aproveitando os espaços. Detalhes que, em que pesem as severas limitações defensivas dos asiáticos, sobretudo dos coreanos, indicam que o sistema ofensivo brasileiro possui repertório e, portanto, pode demonstrar a capacidade para encontrar soluções diante de defesas mais sólidas apesar da ausência de Neymar, de talento inquestionável, porém com presença incerta na Copa devido a sistemáticas lesões e problemas físicos.
No entanto, há o outro lado da moeda. O Japão, líder num grupo com Espanha e Alemanha no Catar e vitorioso (e coincidentemente também de virada) nos duelos contra ambas, expôs graves defeitos defensivos do time brasileiro. Fabrício Bruno e Hugo Souza podem ter posto seus passaportes à América do Norte em xeque ao fazerem um segundo tempo para ser esquecido. Cometeram erros individuais grosseiros e comprometeram o que parecia ser uma vitória tranquila. Em 25 minutos, o time nipônico marcou três vezes, segurou o Brasil, e triunfou de forma inédita sobre a amarelinha, para a celebração de sua torcida.
A dura derrota, assim como a acachapante goleada nos coreanos, tornam o jargão “nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno” como perfeito para caracterizar a fase da seleção. Este é o início da era Ancelotti e, até uma eventual renovação de contrato, ele chegou mais para “apagar incêndios” do que propriamente para tornar do Brasil um favorito ao título mundial. Até soa redundante, porém são tudo fruto de carências no elenco, principalmente nas laterais (um salve para as ótimas atuações de Paulo Henrique) e de um ciclo com percalços e falhas bizarras de planejamento, que culminaram na modesta quinta colocação nas eliminatórias.
Cabem aos torcedores e a mídia abaixarem as expectativas e não se enganarem com os amistosos. Lembrem-se que as equipes de Tite antes dos mundiais de 2018 e 2022 fizeram campanhas excelentes nas eliminatórias e venceram praticamente todos os amistosos, inclusive aqueles contra europeus, mas nada se traduziu em sucesso nas Copas, pelo contrário. Há de se reconhecer, num primeiro momento, de que há equipes mais bem preparadas, como Espanha, Argentina, França e Portugal.
A próxima rodada brasileira de amistosos será em novembro, diante de Senegal e Tunísia.

