A brasileira Thelma Ribeiro encontrou na maternidade a inspiração para sua missão: tornar a educação financeira acessível desde a infância. Tudo começou durante a pandemia, quando seu filho pequeno questionou por que o “cofrinho vermelho”, presente do avô economista, não teria mais o valor dobrado, conforme prometido. A resposta virou uma aula sobre investimentos, juros compostos e gratificação adiada. E foi dele também a sugestão que mudou tudo: “Mãe, você devia contar isso para o mundo inteiro”.
Desde então, Thelma, que vive em Orange County, na Califórnia, já publicou quatro livros infantis sobre o tema, dois em português e dois em inglês, com histórias que explicam desde o surgimento do dinheiro até os primeiros passos para poupar e investir. Os títulos “Dinheiro e Finanças para Crianças” e “Cadê Meu Dinheiro?” já chegaram a escolas públicas de Santos e Santo André, no Brasil, por meio de parcerias com instituições locais. O mais recente, “Beyond Money”, lançado em julho de 2025, amplia a discussão para temas como sucesso, comparação e propósito de vida.
Segundo a autora, falar sobre dinheiro pode ser difícil porque, na nossa sociedade, ele é muitas vezes usado como medida de sucesso e felicidade. “Isso cria uma pressão: parece que, se não temos o suficiente, estamos falhando de alguma forma. Mas precisamos lembrar que dinheiro é apenas uma ferramenta — importante, sim, mas não é o único caminho para a felicidade ou realização”, explica. “E esse é o motivo pelo qual escrevi Beyond Money.”
Ela reforça que é essencial conversar sobre o tema com as crianças, de maneira leve e adaptada à idade. “Dinheiro é, sim, assunto para criança, mas nunca responsabilidade da criança”, diz. “Ela deve aprender como o dinheiro funciona, como usamos e nos relacionamos com ele, mas jamais deve se sentir pressionada a ganhar dinheiro para suprir uma necessidade da família. A criança precisa de segurança para crescer. E entender o mundo ao redor faz parte disso.” Segundo Thelma, a educação financeira começa nas pequenas coisas do dia a dia: no supermercado, numa brincadeira de faz-de-conta ou lendo um livro junto.
Para ela, ensinar desde cedo é uma forma de construir hábitos saudáveis, segurança emocional e consciência sobre escolhas. “Educação financeira não é só sobre números — é também sobre comportamento, emoções e decisões”, diz. Além das histórias, os livros trazem atividades práticas para leitura em família ou em sala de aula, promovendo uma relação mais leve e confiante com o dinheiro.
A escritora acredita que o maior desafio não está nos conceitos, mas na ação. “O difícil não é aprender sobre finanças, é começar a agir. Quando a criança entende que o tempo pode ser seu aliado, tudo muda”, afirma. Já planejando o próximo título, ela quer abordar o consumo excessivo e mostrar que liberdade financeira é, acima de tudo, liberdade de escolha.