Brasil

Brasileira processa companhia aérea após sofrer importunação sexual em voo

Mulher filmou ato, mostrou à comissária, mas ainda assim não houve atitude da companhia aérea em relação ao agressor, afirma a acusação

Brasileira vai entrar com processo na Justiça contra companhia aérea (Foto Canva)

A brasileira Rafaela (nome fictício), de 30 anos, vai entrar com um processo na Justiça contra a Copa Airlines por ter sido importunada sexualmente por um homem em voo que saiu do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, com destino à Jamaica. As informações são da advogada da vítima.

Segundo a advogada, no trecho entre Panamá e Kingston do voo CM0758 um homem se sentou ao seu lado, na classe executiva, primeira fileira do avião. “Eu estava na janela e ele, no corredor. Logo após a decolagem, notei que ele estava agindo estranho. Ele colocou óculos escuros e o capuz. Quando começou o serviço de bordo, notei que ele estava com uma ereção e que aproveitou que a mesa foi abaixada para acariciar as partes íntimas durante minutos, virando em minha direção, sorrindo. Não acreditei no que estava vendo, até me levantei para buscar meu celular e gravar o vídeo”, narra a executiva.

Rafaela conseguiu filmar alguns segundos da ação e imediatamente procurou uma das comissárias. “Mostrei o vídeo e perguntei se poderia tomar alguma providência, mas ela disse que não sabia o que fazer pois a situação era muito sensível e não poderia constrangê-lo”, diz.

O que sucedeu ao pedido de socorro foi uma série de erros que, na avaliação da advogada de Rafaela, a criminalista Jacqueline Valles, provam que as companhias aéreas não estão preparadas para acolher e proteger as vítimas de importunação sexual. “A vítima de um crime ficou em pé na aeronave esperando o criminoso adormecer para voltar ao seu assento porque a companhia não trocou o agressor de lugar e disse que tudo o que a vítima poderia fazer era abrir uma reclamação no site da companhia. O homem que cometeu o crime sequer foi interpelado”, comenta.

A executiva conta que decidiu processar a companhia aérea quando ficou claro que não seria adotada qualquer medida contra o passageiro. “O que eu quero é que as companhias aéreas adotem um procedimento para proteger as mulheres, porque eu não fui a primeira, nem serei a última mulher que, além de ter sido vítima de um agressor sexual, ainda fui desrespeitada por quem, em tese, deveria garantir a minha segurança”.

Crimes de importunação sexual

Segundo estudo recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o crime de importunação sexual no Brasil – no geral, não somente em aviões – registrou um crescimento de 37% em 2022, totalizando 27.530 casos.

Nos Estados Unidos, em 2022, o número de casos de assédio dentro de aviões triplicou desde 2018. No ano passado, mais de 90 casos foram reportados e a expectativa é que em 2023 esse número seja ainda maior. O AcheiUSA reportou esta semana o caso de uma mulher que processou outra companhia aérea por ter sido apalpada em um voo.

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