O governo federal, por meio da Administração de Serviços Gerais (GSA), administrou por décadas um acervo artístico de valor inestimável, que reúne cerca de 26 mil obras de arte, incluindo murais do New Deal e a escultura “Flamingo”, de Alexander Calder. No entanto, em março, o presidente Donald Trump decidiu reduzir a equipe responsável pela preservação, manutenção e rastreamento dessas peças, passando de aproximadamente 30 funcionários para menos de 10. Segundo especialistas, a medida pode comprometer a integridade da coleção, que inclui obras de artistas renomados como Louise Nevelson, Nick Cave e Ellsworth Kelly.
A diretora da Artists at Risk, Julie Trébault, diretora da Connection, alerta que sem uma equipe qualificada para acompanhar restaurações, conservação e catalogação há o risco de deterioração e perda do acervo. As obras estão distribuídas entre edifícios, museus, sociedades históricas e bibliotecas em todo o país. Muitas peças são emprestadas a longo prazo para museus como o Metropolitan Museum of Art e o Museu Estadual de Illinois.
A preocupação se agrava diante da possibilidade de o governo vender dezenas de propriedades públicas que abrigam essas obras. O edifício Wilbur J. Cohen, em Washington, D.C., é um dos listados para alienação e abriga peças impossíveis de remover, como um mural de Philip Guston no auditório, afrescos no saguão e relevos de Emma Lou Davis nas entradas. Antes dos cortes, a equipe de belas artes da GSA negociava cláusulas de preservação no contrato de venda desses prédios, mas agora não há informações sobre quem cuidará desse processo.
O empresário Paolo Zampolli, aliado de Trump e indicado como “enviado especial para parcerias globais”, propôs um plano que inclui enviar obras de arte federais para museus internacionais como forma de celebrar o 250º aniversário dos Estados Unidos. Críticos alertam para o risco de perda do patrimônio artístico nacional.
O acervo, administrado pela GSA desde 1949, cresceu graças ao Programa Arte na Arquitetura, que desde 1972 comissiona artistas americanos para integrar projetos federais. Entre as obras estão “Cloud Series IV” de Lenore Tawney (1978) e murais de Reginald Marsh, instalados na rotunda da Casa Alfandegária Alexander Hamilton em Nova York. O governo não avalia oficialmente o valor da coleção nem oferece seguro para as obras.
Com informações do The New York Times