De Boston a Worcester, a cultura brasileira está enraizada no dia a dia de Massachusetts. Padarias com pão de queijo, restaurantes de churrasco, igrejas evangélicas e festas de bairro dão à comunidade um espaço de identidade e pertencimento. Em muitos locais, o português é ouvido ao passar pelas ruas.
Essa ligação cultural, no entanto, convive com um clima de apreensão. O endurecimento das políticas de imigração e o aumento das operações do ICE têm alimentado o medo de deportação entre os que não têm documentos regulares. Nas últimas semanas, a operação “Patriot 2.0” do ICE intensificou os temores da comunidade, levando até ao cancelamento de festas culturais em cidades como Everett, onde a celebração do Mês da Herança Hispânica foi suspensa por receio de represálias. Para essas famílias, os espaços comunitários — igrejas, associações, restaurantes de bairro — são, além de locais de encontro, redes de apoio e refúgio na instabilidade.
Massachusetts concentra a segunda maior população brasileira dos EUA, atrás apenas da Flórida. Muitos imigrantes chegaram nas décadas de 1970 e 1980, vindos principalmente de Minas Gerais. Hoje, esses brasileiros movimentam a economia local com trabalho e empreendedorismo, e também enfrentam barreiras como o alto custo de moradia, as dificuldades de adaptação, e em alguns casos, a falta de documentos.
O impacto é expressivo: trabalhadores e empreendedores da comunidade contribuíram com milhões de dólares para o PIB estadual, gerando milhares de empregos e pagando centenas de milhões em impostos. Ao mesmo tempo, o empreendedorismo se consolidou, especialmente nos setores de construção civil, gastronomia e serviços.
Entre festas tradicionais, como a celebração do 7 de Setembro em Medford, e a rotina de pequenos negócios, a comunidade brasileira afirma sua identidade. A tensão entre visibilidade cultural e vulnerabilidade migratória molda a vida de milhares dos imigrantes que transformaram Massachusetts em uma segunda casa.