A falta de mão de obra qualificada está entre os principais desafios que a indústria americana enfrenta para acelerar seu crescimento. Segundo o Bureau of Labor Statistics, cerca de 400 mil vagas seguem desocupadas, e o problema tende a se agravar com o avanço das aposentadorias dos chamados baby boomers e a escassez de jovens interessados em seguir carreiras técnicas.
A situação é alarmante em diversos setores, incluindo o de climatização e refrigeração, que enfrenta um aumento na demanda por técnicos para atender aos data centers, impulsionado pela ascensão da inteligência artificial. O CEO da Carrier Global, David Gitlin, afirmou que, a cada 20 oportunidades de emprego, há apenas um candidato qualificado.
“Temos 425 mil técnicos hoje no setor e vamos precisar contratar mais 4.000 a 5.000 nos próximos 10 anos. Mas o número de jovens que vão para escolas vocacionais e faculdades comunitárias está caindo, não crescendo”, comenta.
Muitas vagas no setor industrial exigem habilidades técnicas específicas, o que demanda treinamentos que, em muitos casos, os empregadores não estão preparados para oferecer. Com a automação e a sofisticação das linhas de produção, é preciso investir em qualificação.
Segundo analistas, o desinteresse dos jovens por empregos industriais tem origem na cultura americana que, ao longo de gerações, priorizou o ensino superior acadêmico em detrimento das formações técnicas. Para enfrentar a crise, algumas empresas estão revisando as descrições de cargos para valorizar a experiência prática em vez de exigir diplomas universitários.
Outro fator que tem provocado a escassez de mão de obra é a política imigratória do governo Trump, que reprimiu a imigração e cortou vários programas que ofereciam formação técnica a jovens de baixa renda, reduzindo ainda mais o número de trabalhadores disponíveis.
“Precisamos de um caminho claro para a cidadania de trabalhadores imigrantes nas indústrias de construção e alimentação. A visão é compartilhada por outros líderes empresariais, que veem na imigração uma solução prática para preencher as lacunas do mercado”, afirmou Peter J. Davoren, CEO da Turner Construction.