Estados Unidos Geral

Dois membros do Colégio Eleitoral lutam para impedir a vitória de Trump

Michael Baca e Bret Chiafalo pretendem convencer os colegas a escolherem um outro candidato Republicano de consenso no dia 19 de dezembro

Michael Baca quer convencer pelo menos 37 Republicanos colegas no Colégio Eleitoral a mudarem o voto

 

Embora a eleição presidencial tenha sido dada como encerrada na eleição de 8 de novembro e anunciada a vitória de Donald Trump, o processo não estará completo até que os 538 membros do Colégio Eleitoral votem no dia 19 de dezembro. Até lá, dois eleitores Democratas esperam convencer os colegas para escolherem outro candidato que não seja Trump.

Michael Baca, do Colorado, e Bret Chiafalo, de Washington, denominam-se Hamilton Electors, em referência à explicação dada pelo patriarca americano Alexander Hamilton a respeito do Colégio Eleitoral. O Patriarca Fundador (Founding Father) e primeiro secretário do Tesouro disse que o “cargo de presidente nunca poderá ser dado ao tipo de homem que não possui a devida eminência de acordo com as qualificações requisitadas.” Segundo Baca e Chiafalo, ele existe para prevenir uma presidência como a de Trump.

“Estamos tentando ‘quebrar o vidro em caso de emergência’, de uma mangueira contra incêndio que está há 200 anos sem uso”, disse Chaifolo ao website The Atlantic. “É uma emergência”.

Em todas as eleições presidenciais da história, os membros do Colégio Eleitoral votaram de acordo com o voto popular de seus respectivos estados. Trump conquistou mais votos que Hillary no Colégio eleitoral, apesar de ter perdido no voto popular nacional. A vitória nos estados deve se confirmar em dezembro. Mas Baca e Chiafalo dizem que esta não é uma eleição como as outras e por isso os membros do Colégio devem ter o dever de romper com a tradição.

Os membros do Colégio vêm de todos os 50 estados e de Washington, D.C.; o número de eleitores corresponde ao número de parlamentares no Senado e na Câmara que o estado possui no Congresso. Baca e Chiafalo não querem que seus colegas mudem o voto para Clinton em dezembro, mas que escolham um outro Republicano que seja mais palatável que Trump, como o ex-governador Mitt Romney, ou o governados de Ohio John Kasich.

Baca descreveu o cenário ideal: se eles conseguirem reunir 135 eleitores Republicanos e 135 Democratas em torno de um Republicano moderado, chegam ao número de 270 favoráveis para a confirmação do nome alternativo. É muito pouco provável que isso aconteça, por isso como alternativa eles esperam convencer pelo menos 37 eleitores Republicanos de estados vencidos por Trump que mudem seu voto para um nome de consenso. Isso faria com que Trump tivesse menos de 270 votos no Colégio, levando a decisão para a Câmara Federal.

Embora os estados que Baca e Chiafalo representem tenham votado em Clinton, os dois dizem que apoiariam de bom grado um candidato Republicano de bom senso. “A Constituição não define claramente o nosso papel”, ele disse.

Até agora, sete eleitores Democratas, incluindo Baca e Chiafalo, já disseram que apoiariam um candidato Republicano de consenso que não fosse Trump. Nenhum Republicano se manifestou ainda.

A professora de Ciências Políticas do College of Charleston, Claire Wofford, explicou ao ‘The Atlantic’ que os Patriarcas Fundadores tinham receio da democracia direta; criaram o Colégio Eleitoral como uma salvaguarda para proteger a presidência americana de um candidato que fosse popular mas incapaz para o cargo. “Vários aspectos do nosso governo foram designados para ‘filtrar’ o que os elaboradores [constitucionais] viam como manifestações irracionais e emocionais do populacho, um desses aspectos é o Colégio Eleitoral”, disse. “Assim, é possível argumentar que a eleição de Trump é um desses casos, onde um demagogo de alguma forma foi capaz de convencer um público facilmente manipulável. Não há nenhum impedimento legal ou constitucional que impeça os eleitores de escolher o candidato que quiserem, mesmo que isso vá de encontro à escolha do voto popular em seu estado.”

Um eleitor que vota contra o escolhido pelo seu estado é denominado ‘eleitor infiel’ (faithless elector). Alguns estados impõem uma multa para o caso, mas o valor é relativamente baixo, entre $500 e $1 mil. Entretanto, é possível para os estados a substituição dos eleitores infieis por outros que sigam o voto do estado. Mesmo que os Hamilton Electors consigam 270 votos, seus esforços podem ser bloqueados.

Baca e Chiafalo admitem que sua campanha é improvável. Mas a campanha de Trump também era, lembram.

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