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Donald Trump diz que ganharia de Hillary no voto popular se não fosse por “milhões de votos ilegais”

Presidente eleito fez afirmação em sua conta do Twitter, mas não revelou prova alguma da acusação ao sistema eleitoral

“Além de ganhar de lavada no Colégio Eleitoral, ganhei no voto popular, se descontarmos os milhões de pessoas que votaram ilegalmente”, escreveu Trump no Twitter

DA REDAÇÃO, COM REUTERS — O presidente eleito Donald Trump, que derrotou Hillary Clinton no Colégio Eleitoral, disse no domingo que também teria ganhado da Democrata no voto popular se não fossem os “milhões de votos de pessoas que votaram ilegalmente”.

A alegação de fraude nas eleições por um candidato vencedor é um fato inédito na história eleitoral dos EUA. Não há nenhuma evidência que indique que haja qualquer número – que dirá milhões – de pessoas que tenham votado ilegalmente no dia 8 de novembro.

Trump ganhou ao ficar com a maioria dos votos no Colégio Eleitoral. O Republicano conquistou 290 votos contra 232 de Clinton, e está na frente na apuração de Michigan (que ainda não acabou), embora a disputa pelos 16 votos do estado ainda não esteja encerrada. Clinton, por sua vez, vai ganhando no voto geral popular por um diferença de mais de 2,5 milhões de votos.

“Além de ganhar de lavada no Colégio Eleitoral, ganhei também no voto popular, se tirarmos os milhões de pessoas que votaram ilegalmente”, tuitou Trump no domingo à tarde.

Semanas antes das eleições, Trump declarou várias vezes que a votação seria “fraudulenta” contra ele, dzendo que haveria uma fraude eleitoral generalizada.
“É claro que há uma fraude eleitoral em grande escala antes e durante as eleições”, tuitou o então candidato no dia 17 de outubro. “Por que os líderes Republicanos negam o que está acontecendo? Quanta ingenuidade!”

Porém, ainda que tenha havido raros casos de fraude eleitoral nos EUA, segundo a Associated Press “Não há evidência de que isso seja um problema generalizado”.

Uma estudo realizado pelo Loyola Law School, citado pela AP, encontrou apenas “31 casos envolvendo alegações de falsidade ideológica em cerca de 1 bilhão de votos computados em eleições americanas entre 2000 e 2014.” Outro estudo, feito pelo Brennan Center for Justice da New York University Law School, “descobriu que várias denúncias sobre pessoas votando duas vezes ou de votos sendo feitos em nome de pessoas mortas eram em grande parte erros de apuração que viam fraudes onde não havia alguma.”

“Fraude eleitoral é algo tão incrivelmente raro que não tem impacto algum sobre nossas eleições”, diz Wendy Weiser, chefe do programa de Democracia do Brennan Center, à AP. “A probabilidade de ser atingido por um raio ou de ver um UFO é maior do que ser vítima de fraude eleitoral”.

A alegação de Trump veio depois que a candidata do Partido Verde, Jill Stein, pediu uma recontagem dos votos de Wisconsin, Michigan e Pennsylvania. No sábado, o conselheiro geral da campanha de Hillary, Marc Elias, disse que embora sua equipe “não tenha encontrado nenhuma ação que evidencie hackeamento ou interferências exteriores para alterar a tecnologia do processo de votação”, eles participariam do esforço de recontagem de votos em Wisconsin, pedido por Stein, e também em Michigan e Pennsylvania, caso elas aconteçam.

Na manhã de domingo, Trump atacou Hillary pelo apoio à recontagem.

“Hillary Clinton admitiu a derrota quando me ligou pouco antes do discurso de vitória e logo depois que começaram a chegar os resultados”, dizia o primeiro de uma série de tuites que postou cedo no domingo. “Nada vai mudar”.

A equipe do Partido Verde levantou mais de $5 milhões para pagar os custos da recontagem em três estados disputados. Em Michigan, Trump lidera por 10.704 votos, segundo dados não oficiais do estado. Em Wisconsin, Trump derrotou Clinton por 22.525 votos. Na Pennsylvania, a diferença foi de cerca de 68.000 votos a favor de Trump. Clinton precisaria de ganhar a recontagem nos três estados para reverter o resultado do Colégio Eleitoral, mas os especialistas dizem que não há chance alguma de reverter o resultado em nenhum deles.

Mesmo assim, o pedido de recontagem aumentou a tensão, já alta pela vitória de Clinton no voto geral popular.

“Não, nada vai mudar”, respondeu Joan Walsh, do The Nation, a um dos tuites de Trump. “Você perdeu no voto popular por 2,5 milhões. E vai ter que conviver com isso.”

Em 2012, Trump disse que o sistema eleitoral americano era um “desastre para a democracia”. E em sua primeira entrevista concedida depois de eleito, afirmou no ’60 Minutes’, da CBS, que sua opinião não mudou.

“Preferia ver um [sistema] de voto simples”, disse Trump. “Se você ganhou 100 milhões de votos e o outro 90 milhões, você ganha”.

Mas em um par de tuites subsequentes, Trump declarou que o Colégio Eleitoral “é realmente genial”, porque dá poder aos estados menores. (Mais tarde voltou atrás novamente ao declarar ao The New York Times que “preferia o voto popular” e que “nunca foi fã do Colégio Eleitoral.”)

Trump disse ainda pelo Twitter que ele “ganharia com mais vantagem ainda e mais facilmente” se a eleição para presdiência fosse determinada pelo voto popular em vez do Colégio Eleitoral.

E repetiu a afirmativa no domingo à tarde.

“Seria muito mais fácil para mim ganhar no chamado voto popular que no Colégio Eleitoral, porque precisaria fazer camapanha em só 3 ou 4 estados, em vez dos 15 que visitei”, tuitou. “Teria ganhado muito mais facilmente”.

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