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Ela votou em Trump. Agora o marido imigrante vai ser deportado, depois de dezesseis anos juntos

"Trump disse que as boas pessoas não seriam deportadas, que seriam poupadas", queixou-se a mulher, moradora de Indiana

Roberto Beristain mora há quase vinte anos em Granger, Indiana. É casado com Helen Beristain e entrou ilegalmente no país pelo México. O casal tem três filhos e administram um restaurante, o Eddie’s Steak Shed, diz uma reportagem do jornal South Bend Tribune. Em 2000, em uma viagem às cataratas de Niagara, o casal sem querer cruzou a fronteira com o Canadá. Na volta, ficou constatado pelas autoridades que Roberto tinha entrado ilegalmente no país.

A imigração emitiu uma ordem de deportação para ele, e deu 60 dias para Roberto deixar o país. Ele ignorou a ordem e optou por ficar com a mulher, na época grávida e sofrendo de pressão alta, segundo o Indiana Public Media.

Desde então, Roberto vinha apresentando-se periodicamente ao ICE, mantinha ficha criminal limpa e até conseguiu carteira de motorista e número de seguro social com autorização do ICE, diz o South Bend Tribune.

Entrevistada pelo Indiana Public Media antes das eleições de novembro de 2016, Helen declarou que votaria em Trump, por causa de seu rigor com a questão imigratória. “Não queremos carteis aqui, não queremos drogas nas nossas escolas, não queremos assassinos perto de nós”, disse ela na época. “Você quer se sentir seguro quando sai de casa. Acredito nisso de verdade. Por isso voto em Mr. Trump”.

Mas Helen não esperava que o rigor imigratório do governo Trump fosse resultar na prisão do marido, detido quando foi fazer uma das suas visitas periódicas ao ICE, no dia 6 de fevereiro. “[Trump] disse que as pessoas boas não seriam deportadas, que elas seriam poupadas”, disse Helen ao Indiana Public Media.

Depois da prisão, Roberto foi levado para uma cadeia em Wisconsin, e sua deportação está prevista para o mais breve possível, de acordo com o South Bend. Enquanto isso, a família entrou com um pedido na Justiça para atrasar o processo, informou o advogado da família. Eles alegam que pelo fato de ter uma família e ficha limpa ele pode ser autorizado a ficar.

Entretanto, de acordo com as diretrizes nas ordens executivas assinadas por Trump assim que tomou posse, indivíduos como Roberto são passíveis de deportação, não importando se têm família ou ficha limpa. As ordens priorizam a deportação de criminosos, mas o texto expandiu a definição do que seja “crime”, que agora inclui qualquer acusação, mesmo que a pessoa não tenha sido condenada. Durante o governo Obama, as diretrizes eram para deportar apenas criminosos graves com condenações na Justiça.

As ordens também priorizam os imigrantes irregulares que receberam uma ordem final de remoção “mas que não cumpriram com a obrigação legal de sair dos Estados Unidos”. Como Roberto ignorou a ordem final para sair 16 anos atrás, ele se enquadra na lista de prioritários para a remoção.

 

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