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Filme sobre desigualdade social com Regina Casé é destaque no 19° BRAFF

Filme “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, irá encerrar o Brazilian Film Festival de Miami no dia 19 de setembro

A história de de uma mãe que deixa a filha no interior de Pernambuco para trabalhar como babá em São Paulo guarda semelhanças com as vidas de muitas mulheres brasileiras. A trama é o fio condutor do longa “Que Horas Ela Volta?”, dirigido por Anna Muylaert e estrelado por Regina Casé e destaque da programação do Brazilian Film Festival, evento dedicado à promoção do cinema brasileiro no exterior que acontece em Miami entre os dias 12 a 19 de setembro. Agendado para exibição na noite mais importante do festival, “Que Horas Ela Volta?” será exibido ao público no encerramento do BRAFF, data em que também será entregue pela organização o prêmio Lente de Cristal, dado ao melhor filme da competição.

O longa chega a Miami já tendo sido premiado em importantes eventos cinéfilos do mundo, como o Festival de Berlim (onde venceu os prêmios C.I.C.A.E. Award e Panorama Audience Award) e o Sundance Films Festival, mais importante evento de cinema alternativo dos EUA (tendo vencido o Special Jury Prize, dado a Regina Casé e a Camila Márdila por suas atuações).

“Que Horas Ela Volta?” narra a trajetória de Val (vivida por Regina), uma empregada doméstica que há vários anos trabalha como babá e empregada na casa de uma família de classe média alta em São Paulo. Tendo criado desde pequeno o filho da família, Fabinho (Michel Joelsas), Val é uma espécie de mãe substituta dele para a executiva Bárbara (Karine Teles), sua patroa. E a própria Val deixou para trás a própria filha, Jessica (Camila Márdila), que foi criada em Pernambuco por outra mulher, a quem ela envia regularmente dinheiro.

É visível o desconforto de Bárbara com este detalhe, bem como com a atitude de sua nova hóspede na casa. Jessica, afinal, está longe de se conformar, como sua mãe, com os limites apertados de seu quartinho de empregada e com a proibição do acesso à piscina e até a certos alimentos, como até um prosaico sorvete.

A mãe se desespera com as ousadias da filha, o que também evidencia o fato de que as duas mal se conhecem, porque pouco conviveram.

Atriz experiente, Regina compõe uma Val de carne e osso, encharcada de uma verdade humana autêntica, tanto na cumplicidade com o filho postiço que criou, Fabinho, como na humildade duramente aprendida em relação a “saber o seu lugar” – esse aprendizado do servilismo que traz uma herança da escravidão colonial – e também numa intuição certeira para atravessar barreiras. Não há como não torcer por essa mulher, resenha a crítica de cinema Neusa Barbosa, da Reuters.

Para Regina, interpretar Val solicitou apenas um resgate de suas memórias. “Nós todos, principalmente as mulheres, convivemos não só com babás, mas com empregadas domésticas desde pequenininhos”, disse a atriz ao G1. “E acabaram sendo pessoas tão importantes na minha vida, pessoas com as quais eu aprendi tanto, que não sabia que tinha um repertório tão grande. Eu nem tive que fazer pesquisa. Era só abrir o coração, abrir o baú, que vinham os gestos, os termos”.

Uma das organizadoras do Brazilian Film Festivel, Viviane Spinelli, também elogia o filme e explica a razão de a produção ter sido a escolhida para encerrar o festival. “É o melhor filme brasileiro de 2015. É forte concorrente brasileiro ao Oscar de melhor filme estrangeiro, conta com a excelente direção e roteiro de Anna Mulayert e tem atuações impecáveis das atrizes Regina Case e Camila Márdila”, disse Viviane. “É um filme belíssimo, bem humorado e sensível, com um roteiro super oportuno que tem gerado debate sobre o aprendizado da sociedade brasileira em aceitar situações novas de convívio entre as diferentes classes sociais.”

Leia ainda aqui uma entrevista exclusiva com a diretora Anna Muylaert.

SERVIÇO
“Que Horas Ela Volta?”
Data: dia 19 (sábado), às 9pm
Local: Colony Theatre (1040 Lincoln Road, Miami Beach)
Preço: $20 e $10 (membros)
Informações: inffinito.com

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