O mercado de trabalho nos EUA continua aquecido: em abril, foram criados 177 mil empregos, acima da previsão de 135 mil feita por analistas da FactSet. A taxa de desemprego se manteve estável em 4,2%, sinal de que, apesar das incertezas econômicas causadas pelas políticas comerciais, o mercado ainda está indo bem. Os setores de saúde e de transporte e armazenamento puxaram o crescimento, com 51 mil e 29 mil novas vagas, respectivamente. O aumento no setor de transporte chamou atenção por ser mais que o dobro da média dos últimos 12 meses. Para analistas, isso pode indicar uma corrida das empresas para reforçar estoques antes de novas tarifas entrarem em vigor. Por outro lado, o setor público perdeu 9 mil postos de trabalho, reflexo dos cortes promovidos pelo Department of Government Efficiency (DOGE), uma das bandeiras de economia do governo.
Economistas afirmam que, por enquanto, não há sinais de recessão. “Nada a reclamar. Esses dados afastam, ao menos por ora, o risco de recessão”, escreveu Carl Weinberg, da High Frequency Economics. Mas o clima é de cautela: pedidos de seguro-desemprego subiram para 241 mil no fim de abril, o maior nível desde fevereiro, e o PIB encolheu 0,3% no primeiro trimestre, principalmente por conta da corrida por importados antes do impacto total das tarifas.
A leitura do mercado é que a força nos empregos pode adiar mudanças nos juros por parte do Federal Reserve, que se reúne nos dias 6 e 7 de maio. Mas o consenso entre analistas é que esse bom momento pode ser passageiro. E abril pode ter sido o último mês “livre” dos efeitos combinados da guerra comercial, dos cortes do DOGE e das restrições à imigração.