A crise habitacional na Flórida Central é apontada por especialistas e organizações sociais como um dos principais fatores que mantêm milhares de famílias presas em um ciclo contínuo de pobreza. De acordo com a National Low Income Housing Coalition, um trabalhador que recebe o salário-mínimo na Flórida teria que trabalhar quase 100 horas por semana para pagar o aluguel de um apartamento de um quarto na região, hoje em torno de $ 1.500. Segundo dados da entidade, mais de 100 mil famílias na região de Orlando vivem em situação de insegurança habitacional, e os efeitos vão além das finanças. Crianças em moradias instáveis apresentam desempenho escolar mais baixo, maior exposição a doenças e enfrentam estresse tóxico contínuo, comprometendo o desenvolvimento físico e emocional.
A escassez de moradias a preços acessíveis está empurrando milhares de trabalhadores para os chamados “hotéis de longa permanência”, transformados informalmente em habitações improvisadas. Famílias inteiras vivem em quartos minúsculos, sem cozinha e sem espaço adequados para todos. Um desses casos é o de Vanessa Figueroa, mãe de três filhos, que mora há mais de um ano em um hotel de longa estadia em Kissimmee. Mesmo trabalhando em tempo integral em uma empresa de catering, ela não consegue atender aos critérios exigidos por imobiliárias, como comprovar renda três vezes maior que o valor do aluguel.
“Eu tenho renda, mas o sistema me nega acesso à moradia. Estamos vivendo de forma provisória há muito tempo. Isso afeta meus filhos, minha saúde mental e nossas chances de melhorar de vida”, relatou.
De acordo com dados do condado de Orange, houve um aumento de 32% no número de famílias vivendo em hotéis entre 2022 e 2025. Especialistas apontam que, sem acesso à moradia estável, essas famílias enfrentam dificuldades para conseguir emprego formal, manter a frequência escolar das crianças e até obter crédito bancário.
“Estamos testemunhando o empobrecimento da classe trabalhadora. Eles sustentam a economia local, mas não conseguem nem pagar por um teto. Isso é insustentável”, alerta Maria Delgado, assistente social em Orlando.
Com informações da WKMG News.