O governo americano decidiu restringir o acesso público a dados meteorológicos gerados pelo Programa de Satélites Meteorológicos de Defesa (operado pelas Forças Armadas), sob a alegação de “riscos de cibersegurança”. Entre as informações que deixarão de ser compartilhadas estão medições essenciais da atmosfera e dos oceanos, que possibilitam a previsão de tempestades, o rastreamento de furacões, o monitoramento do gelo marinho e o acompanhamento das mudanças climáticas.
Agências em todo o mundo agora correm contra o tempo para preencher a lacuna com dados alternativos, inclusive de países como China e União Europeia, que operam seus próprios sistemas de satélites. Segundo meteorologistas, a ausência desses dados compromete a precisão das previsões, especialmente durante a noite, quando os modelos meteorológicos enfrentam maior dificuldade em captar a intensificação rápida de tempestades tropicais. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) garantiu, temporariamente, o recebimento dos dados militares, enquanto aguarda a ativação total de uma nova geração de satélites civis, prevista para entrar em operação apenas em 2026.
Cientistas e servidores da NOAA também enfrentam restrições internas que dificultam o intercâmbio com profissionais estrangeiros. As novas regras exigem aprovação formal para qualquer comunicação científica internacional, elevando a burocracia e ameaçando as colaborações no campo da climatologia global. Além disso, a agência americana enfrenta cortes de recursos, que resultarão no desligamento de 800 colaboradores, incluindo equipes do Observatório de Mauna Loa, no Havaí — uma das principais estações de medição de dióxido de carbono (CO₂) do mundo.
Instituições como o Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo (NSIDC), universidades europeias e agências de meteorologia em países da Ásia e da América Latina já sinalizaram prejuízos em suas operações. Sem os dados de micro-ondas emitidos pelos satélites americanos, o monitoramento das regiões polares, das chuvas intensas e das frentes frias perderá sensibilidade e cobertura.