Comunidade Local

Estudantes brasileiros de baixa renda debatem sobre IA em evento em New York 

Ao todo, 250 estudantes de dez países participaram de conferência sobre o papel da inteligência artificial em questões globais

Ariadne Vitória Paulino Ale e Davi Rocha de Carvalho em New York. Foto: Divulgação

Seis estudantes representaram o Brasil na Conferência Altitude Model United Nations 2024 (AMUN), realizada em New York nos dias 22 e 23 de março. Com o apoio da ONG Nada é Impossível – Transformando Jovens em Líderes Globais, Ariadne Vitória Paulino Ale, de 13 anos, e Davi Rocha de Carvalho, de 12 anos, tiveram a oportunidade de participar de debates sobre o papel da inteligência artificial (IA) em questões globais cruciais.

No evento, que simulava uma conferência da ONU, 250 estudantes de dez países foram separados em quatros grupos, e designados para representar nações distintas de suas nacionalidades. Ariadne e Davi, que na simulação representavam a delegação da Holanda, compartilharam propostas sobre o uso da IA pelo país europeu para aprimorar a resposta humanitária e enfrentar desastres. A proposta, segundo os organizadores, é que os jovens possam abordar questões sob diferentes perspectivas, ampliando assim seus horizontes e adotando novos modos de pensar. 

Entre os tópicos discutidos por outros grupos também estavam o uso da IA no combate à crise climática, na promoção do crescimento econômico e de empregos, na redução da pobreza e no desperdício de alimentos. Ao longo dos dois dias, os estudantes trabalharam suas capacidades de oratória, negociação e cooperação para elaborar resoluções específicas para cada um desses temas discutidos.

“Acredito que essas conferências são muito importantes, pois abordam tópicos que muitas vezes não são ensinados na escola. Sinto que isso nos inspira a nos vermos como tomadores de decisão, pessoas que podem causar impacto para além das conferências”, disse a secretária-geral de origem libanesa, Perla Khaled.

Sobre a experiência

A conferência também foi uma oportunidade de superação e de autoconhecimento. Ariadne, que conta com uma bolsa parcial no Colégio Objetivo do bairro Monte Kemel, em São Paulo, onde cursa o 9º ano, conta que viveu uma experiência valiosa. 

“Fiz amizade com pessoas do Líbano, o que é muito especial para mim, já que meu bisavô era libanês. Foi uma forma legal de me aproximar dele. Conversei bastante e descobri várias coisas sobre o país”, explicou a estudante. “Essa experiência foi única e enriquecedora. Conhecer estudantes de diversas partes do mundo e debater soluções para questões tão urgentes foi inspirador”. 

Davi, que é estudante do 7º ano na escola pública EE Etelvina de Goes Marcucci, localizada próxima à comunidade paulista de Paraisópolis, avaliou que a preparação também foi essencial. “Ganhei muita experiência na conferência, e não me senti nervoso durante as falas, porque perdi a vergonha praticando nos nossos encontros na ONG”, disse. 

Os estudantes chegaram em New York cinco dias antes do evento e, além da diplomacia, puderam conhecer um pouco mais da cultura e dos pontos turísticos locais, como a Broadway, a Times Square e o Central Park. “Ao unir o AMUN com imersão educacional e cultural em Nova York, ampliamos seu impacto, oferecendo aos delegados uma oportunidade única de interagir com perspectivas e culturas diversas. Essa sinergia entre crescimento intelectual e enriquecimento cultural promete uma experiência memorável, moldando líderes com visão global prontos para enfrentar os desafios do amanhã”, explicou Ralph Ghostine, Gerente dos Programas da Altitude for Leadership, que organiza a conferência.

Ariadne e Davi fizeram parte de um projeto social oferecido pela GRADED – THE AMERICAN SCHOOL OF SÃO PAULO, o Outreach Program, onde aprenderam inglês. Depois disso, pelo seus ótimos desempenhos, foram indicados para integrar a ONG Nada é Impossível, que cobriu os custos de emissão de passaportes, vistos, alimentação e estadia em New York. 

“É um orgulho imenso para nós viabilizar a participação da Ariadne e do Davi na conferência. Nosso objetivo como ONG é diminuir as desvantagens dos alunos economicamente desfavorecidos, que apresentam um excelente desempenho escolar e acadêmico. Certamente os debates de educação experiencial que eles participaram em Nova York serão fundamentais para seu crescimento pessoal e profissional”, finaliza Andrea Nascimento Mimassi, diretora da Nada é Impossível e mãe dos estudantes Georges Mimassi (17 anos) e Pedro Mimassi (16 anos), idealizadores do projeto.

Fundada em maio de 2023 e sediada no bairro Vila Olímpia, em São Paulo – SP, a entidade Nada é Impossível é uma associação civil de direito privado sem fins lucrativos e que tem por finalidade promover o desenvolvimento educacional e cultural dos membros, proporcionando uma transformação social. 

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