A Food and Drug Administration (FDA) autorizou nesta semana os primeiros testes clínicos de transplante de rim de porco geneticamente modificado em humanos, desenvolvidos pela eGenesis. A empresa de biotecnologia criou o rim experimental EGEN-2784, utilizando a tecnologia CRISPR para desativar o gene responsável pela produção do carboidrato alfa-gal, que provoca rejeição imediata do órgão pelo sistema imunológico humano. Segundo especialistas, essa inovação é crucial para tornar órgãos suínos compatíveis com receptores humanos. Nos Estados Unidos, mais de 100 mil pessoas aguardam por um transplante, sendo que 86% delas precisam de um rim. A espera média varia de três a cinco anos, podendo chegar a dez anos para pessoas com sangue tipo O.
Os testes envolverão 30 pacientes com mais de 50 anos, todos em diálise e na lista de espera para transplante renal. O estudo avaliará a segurança, eficácia e tolerabilidade do rim de porco ao longo de 24 semanas após o procedimento. Especialistas acreditam que a autorização poderá transformar o tratamento da insuficiência renal, abrindo caminho para novos protocolos clínicos e expandindo o uso de órgãos geneticamente modificados em humanos. Além disso, essa abordagem oferece uma solução potencial para a escassez crônica de órgãos e pode servir de modelo para transplantes de outros órgãos, como coração e fígado.
O procedimento, classificado como xenotransplante, já foi realizado anteriormente nos Estados Unidos, envolvendo transplantes de rim no NYU Langone Health e de coração na Escola de Medicina da Universidade de Maryland, todos em pacientes que haviam esgotado outras opções terapêuticas. Nesses casos, os órgãos de animais foram utilizados sob regras especiais que permitem o uso de terapias experimentais para pessoas em situação crítica.
Segundo o presidente de políticas e assuntos globais da Associação Americana de Pacientes Renais, Paul Conway, a técnica pode reduzir drasticamente a espera por órgãos e salvar vidas, oferecendo esperança a milhões de pacientes que atualmente não têm acesso a um rim compatível.