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Família inglesa reclama de maus-tratos após cruzar acidentalmente a fronteira entre Canadá e EUA

Sete membros de uma família, incluindo um bebê, foram detidos e enviados para prisões em condições precárias e 'tratados como criminosos', diz advogada; autoridades alegam que duas das pessoas do grupo já haviam sido impedidas de entrar nos EUA

Agentes do CBP trabalham dia e noite para conter o grande fluxo de imigrantes na fronteira (FOTO CBP)

Sete pessoas de uma mesma família de ingleses, há duas semanas em custódia das autoridades imigratórias, alegam em denúncia que estão passando por um verdadeiro pesadelo depois que cruzaram sem querer a fronteira entre Canadá e Estados Unidos no dia 2 de outubro.

De acordo com a advogada da família, Bridget Cambria, David e Eileen Connors, junto com um casal de parentes, os dois filhos pequenos gêmeos e um bebê de três meses, estavam de férias em Vancouver, no Canadá, passeando de carro por uma estrada próxima à fronteira com os EUA, quando tiveram que pegar uma estrada vicinal por conta de um animal no caminho, entrando inadvertidamente nos EUA.

Segundo o relato da família, um agente do Border Patrol detectou a entrada irregular e parou o veículo. Na abordagem, ele declarou que os Connors cruzaram uma “fronteira internacional” e deu voz de prisão. O casal disse ao agente que simplesmente poderiam dar meia volta e retornar ao Canadá, mas ele não permitiu a manobra, conta David. Começava aí uma peregrinação da família por uma série de centros de detenção enquanto aguardavam a deportação para a Grã-Bretanha. O casal de parentes e seus dois filhos pequenos também foram detidos.

A advogada entrou com uma queixa formal contra o inspetor-geral do departamento de Homeland Security, por conta do tratamento dado à família. Ela disse à agência de notícias AP que trata-se de um “caso bizarro” de abuso de autoridade federal. “O que me incomoda mais, como advogada, e garanto que para a família também, é a falta de bom-senso em quase todos os estágios do processo de abordagem e detenção”, conta.

As autoridades federais sustentam que o casal atravessou a fronteira de propósito, ressaltando que o veículo deles foi observado “lenta e deliberadamente” sendo conduzido através de um vala que separa o Canadá e os EUA, perto de Blaine, Washington, no dia 2 de outubro passado. Quatro adultos e três crianças estavam no carro.

“Na abordagem, ficou constatado, depois de uma verificação de registros, que dois dos adultos tiveram requisições negadas no passado para viajar para os EUA”, disse o U.S. Customs and Border Protection (CBP), em nota enviada à agência AP. O CBP não revelou o nome das pessoas que não foram autorizadas, ou a razão da negativa.

Os federais dizem ainda que os agentes tentaram retornar a família para o outro lado da fronteira, mas o Canadá os recusou de volta. Depois de duas tentativas infrutíferas de contato com o consulado da Grã-Bretanha, a Border Patrol deteve e entregou a custódia da família às autoridades imigratórias para dar início ao processo de remoção.

Desde então, há duas semanas Eileen, David e os três filhos do casal permancem presos na Pennsylvania. “Estamos traumatizados para o resto da vida”, disse Eileen em nota divulgada por grupos de  apoio a imigrantes na Pennsylvania. “É a experiência mais aterradora que já passamos na vida”.

Eileen conta à AP que foi separada do marido e obrigada a dormir com o seu bebê de três meses no “chão imundo” de uma cela gelada na primeira noite na cadeia. No dia seguinte, foi levada para outra prisão, na Pennsylvania, do outro lado do País.

Eillen disse que o Berks Family Residential Center, um dos três centros de detenção para famílias nos EUA, é “gelado” e que a equipe de funcionários alega não poder ligar o aquecimento antes do final de novembro.

Os banheiros são “sujos e quebrados” descreve a inglesa, e um funcionário acende uma lanterna na cela a cada quinze minutos durante a noite. Ela conta que seu bebê está com os olhos inchados e lacrimejantes, e também apresenta uma vermelhidão na pele. “Fomos tratados injustamente desde o primeiro dia. É sem dúvida a pior experiência que já passamos na vida”.

O U.S Immigration and Customs Enforcement (ICE), responsável pelo Berks Center, disse em contrapartida que o local tem “ótima reputação” e que regularmente recebe “avaliações excelentes relativas às condições sanitárias, de segurança e tratamento de seus residentes”.

A advogada da família acredita que os Connors serão liberados e deportados para a Grã-Bretanha dentro de alguns dias.

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