Imigração

GOL faz voo inédito com deportados dos EUA e passageiros relatam coerção

Companhia afirma que fretamento foi para voluntários, mas alguns brasileiros dizem ter sido pressionados a assinar retorno.

Boeing da GOL pousou em Confins trazendo brasileiros deportados. Foto: Reprodução TV

Dois voos vindos dos Estados Unidos pousaram no dia 27 no aeroporto de Confins (MG), trazendo 127 brasileiros deportados. Uma das aeronaves foi fretada pela GOL Linhas Aéreas, em operação inédita de uma companhia aérea brasileira nesse tipo de transporte. Segundo a empresa, o voo levou apenas passageiros que aderiram de forma voluntária ao programa de retorno da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP).

O outro voo, operado por uma aeronave estadunidense, trouxe deportados em processo regular, sem vínculo com a categoria de voluntários. A informação foi confirmada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Apesar da versão oficial, passageiros que estavam no avião da GOL afirmaram que muitos haviam passado meses em centros de detenção nos EUA e que a assinatura de documentos de “autodeportação” ocorreu durante a viagem. Alguns relataram pressão para assinar os papéis e denunciaram más condições no período de custódia.

No desembarque, os brasileiros foram recebidos por uma estrutura de acolhida organizada pelo Ministério dos Direitos Humanos, com apoio psicossocial e transporte terrestre até suas cidades de origem. Em depoimento à imprensa, uma passageira que não quis ser identificada agradeceu o tratamento recebido no voo da GOL.

A chegada simultânea dos dois voos colocou em evidência uma polêmica: enquanto as autoridades norte-americanas e a GOL classificam o fretamento como voluntário, relatos de deportados indicam que a distinção entre categorias nem sempre corresponde à experiência vivida.

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