Estados Unidos

Golpe de matrículas de ‘alunos fantasmas’ em faculdades dos EUA alerta autoridades

Governo implementa medidas emergenciais de verificação de identidade para conter prejuízos e inibir fraudes

Golpistas usam a IA para criar perfis falsos de estudantes e visam principalmente os online (Foto: Nenad Stojkovic/Wikimedia)
Golpistas usam a IA para criar perfis falsos de estudantes e visam principalmente os cursos online (Foto: Nenad Stojkovic/Wikimedia)

Faculdades em todo os Estados Unidos enfrentam uma onda crescente de fraudes envolvendo “alunos fantasmas” — perfis falsos criados com o auxílio de inteligência artificial (IA) para se matricular em cursos online e receber indevidamente auxílio financeiro estudantil. A situação levou o Departamento de Educação a implementar medidas emergenciais para conter os prejuízos e proteger o programa federal.

Segundo reportagem da Associated Press (AP), apenas em 2024, golpistas teriam roubado pelo menos $ 11,1 milhões em bolsas e empréstimos estudantis de instituições comunitárias. Os fraudadores usam identidades falsas ou roubadas para se inscrever em cursos remotos, acessar programas como o Pell Grant, para receber o dinheiro e desaparecer sem concluir as aulas. A maioria dos casos envolve cursos com formato flexível, onde é mais difícil detectar a presença de falsos participantes.

“O nível de fraude com uso de identidades falsas atingiu um ponto crítico que ameaça à integridade do sistema de auxílio estudantil”, alertou o Departamento de Educação em comunicado dirigido às faculdades e universidades.

Com o intuito de diminuir o número de golpes, uma nova regra temporária entrou em vigor neste verão: todos os estudantes que se inscrevem pela primeira vez para receber auxílio federal deverão apresentar um documento de identidade com foto emitido pelo governo, presencialmente ou por videoconferência. A expectativa é que a exigência ajude a comprovar a autenticidade dos alunos.

Dados apontam que as faculdades comunitárias da Califórnia chegaram a registrar mais de 1,2 milhão de inscrições fraudulentas em 2024. Em muitos casos, professores relatam turmas com poucos ou nenhum estudante real, congestionando o sistema e prejudicando o acesso de alunos legítimos.

As consequências também afetam alunos que tiveram suas identidades roubadas e que só descobrem o golpe quando veem seus nomes em empréstimos que nunca solicitaram. As vítimas ainda precisam enfrentar longos processos com instituições financeiras, agências de crédito e o próprio Departamento de Educação para limpar seus registros.

Com os cortes federais implementados pelo governo Trump e a recente demissão de mais de 300 servidores do Escritório Federal de Auxílio Estudantil, especialistas alertam que a capacidade de investigação e fiscalização está comprometida. O Escritório do Inspetor-Geral, responsável por apurar fraudes, também sofreu baixas.

Mesmo assim, autoridades afirmam estar desenvolvendo novas ferramentas de triagem mais sofisticadas para o semestre de outono. O desafio será equilibrar medidas de segurança com a manutenção do acesso justo e simplificado ao ensino superior, sobretudo para alunos de baixa renda.

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