Imigração

ICE mira indocumentados, mas cidadãos americanos continuam sendo detidos por engano

Apesar de operações focadas em pessoas sem status legal, cidadãos dos EUA têm sido presos por erros de verificação ou falhas do sistema.

Detenção de cidadãos americanos expõem problemas nos procedimentos do ICE. Foto: Public Domain

Casos recentes mostram que cidadãos americanos têm sido detidos por engano pelo ICE (Immigration and Customs Enforcement), apesar do foco principal da agência ser a detenção de imigrantes indocumentados, especialmente aqueles com antecedentes criminais. Muitas vezes, isso acontece devido a falhas nos processos de verificação de documentos, bancos de dados incompletos ou erros administrativos. Em alguns casos, especialistas apontam que o perfilamento racial pode ter contribuído para uma detenção injusta.

Dados da TRAC (Transactional Records Access Clearinghouse) indicam que, nos primeiros meses de 2025, o número médio diário de pessoas com ordens de detenção emitidas pelo ICE saltou de 380 para 654, um aumento de 72% em relação ao mesmo período de 2024. Além disso, a parcela de detidos sem antecedentes criminais cresceu de 7% para 29%. Entre esses detidos, há também relatos documentados de cidadãos americanos sendo retidos por engano, embora os números exatos desse grupo sejam limitados.

Entre os casos recentes estão Jose Hermosillo, de 19 anos, no Arizona, que passou nove dias detido até comprovar sua cidadania, e Julio Noriega, de Chicago, preso por mais de dez horas mesmo apresentando documentos oficiais. Em Los Angeles, o idoso Rafie Ollah Shouhed, de 79 anos, relata ter sido detido e agredido durante uma batida do ICE em seu lava-rápido, apesar de ser cidadão americano.

Especialistas e advogados em direitos civis alertam que esses casos não são isolados. Segundo relatório do Government Accountability Office (GAO), o ICE subestima o número de detidos porque não contabiliza pessoas em instalações temporárias antes de transferi-las a centros oficiais. Além de erros de sistema, a combinação de falhas nos bancos de dados e perfilamento racial aumenta o risco de abusos, deixando comunidades imigrantes — e agora cidadãos americanos — vulneráveis a detenções injustas.


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