Comunidade

Imigrantes falam o que pensam sobre o primeiro mês do governo Trump

O AcheiUSA visitou o famoso centro comercial da Military Trail e Sample Road para saber a opinião dos brasileiros que vivem no País como imigrantes

Vinicius Mattos e Frank Silva dão conselhos aos recém-chegados
Vinicius Mattos e Frank Silva dão conselhos aos recém-chegados

A cena nas manhãs no centro comercial situado na Military Trail e Sample Road, em Pompano Beach (FL) – mais conhecido como Mall do Seabra – é sempre a mesma: imigrantes se encontram, tomam café na padaria brasileira, alguns seguem para o trabalho e outros tantos ficam esperando algo aparecer. Essa espera pode durar minutos, horas ou o dia inteiro, mas quem está ali esperando garante que sempre aparece algum trabalho. Empregadores buscando pintores, pedreiros, instaladores ou um “faz tudo”, como os próprios definem, já sabem que no local vão encontrar a mão-de-obra que precisa para aquele dia.

A reportagem do AcheiUSA passou a manhã do dia 7 de fevereiro no local e conversou com algumas dessas pessoas que, em grupo, esperavam algum serviço aparecer. Esses imigrantes brasileiros chegam ali, assim como chegaram aos EUA, com muitos sonhos na bagagem e muita apreensão. Os mais velhos e mais experientes aconselham os mais jovens e recém-chegados. Quanto ao governo Trump e sua artilharia contra imigrantes ilegais, a maioria afirma não ter medo. 

“Temos que esperar o que vai acontecer, tudo ainda está muito no campo da especulação”, disse Antônio* que morou em New York um ano e meio e está na Flórida há quatro meses sem documentos para trabalhar. Com aparência jovem, mas ao mesmo tempo abatida pela tristeza de não conhecer o filho de um ano e meio que vive no Brasil com a mãe que ele deixou grávida, ele garante que todo o sacrifício vivido pelo imigrante vale a pena. “Eu estava cansado de trabalhar no Brasil e ganhar R$1,2 mil. Isso não é vida, fora a insegurança. Todo o esforço que passo aqui vale a pena. Eu costumo brincar que nós aqui em pé esperando trabalho neste mall, somos como prostitutas prontas para pegar o que aparecer e sermos pagos por isso”, disse Antônio.

José* veio de Sergipe e está nos EUA há apenas seis dias. Cineasta por formação, trouxe a câmera na bagagem e muitos sonhos. Sobre a administração de Trump ele afirma: “todos nós que viemos para cá com a intenção de ficarmos ilegais sabemos dos riscos. Um fato é que podemos sim sermos deportados. Não sou a favor do Trump, mas não acho que ele esteja errado em proteger o seu país”, disse o cineasta que pretende gravar um filme sobre a saga dos imigrantes nos EUA.

Já Ronaldo* diz que tem muito medo de ser deportado e pego pela imigração. Ele afirma que toma muito cuidado, procura se informar e andar na linha para não dar motivos para ser pego. “Sabemos que o governo Obama foi o que mais deportou, mas a entrada de Trump com certeza deixou os imigrantes mais inseguros”. Ressabiado, Ronaldo só concordou em falar com a repórter quando teve certeza que não seria identificado.

Mais experiente, Frank Silva está nos Estados Unidos há 17 anos e já é cidadão americano desde 2009. Ele optou por trabalhar com construção e enquanto espera trabalho, aconselha os recém-chegados. “Estamos aqui para ajudar um outro. Quem chega cai em muita armadilha, muito boato e as pessoas ficam com medo”, disse Silva que é do Maranhão. Vinícius Mattos, do Rio de Janeiro, já tem green card e não acredita que haverá deportação em massa. “A América depende dos imigrantes, depende do nosso trabalho, ele não vai mandar todo mundo embora, impossível”.

As opiniões podem ser diversas, mas em uma coisa todos os entrevistados concordam: apesar de todo o esforço e todas as situações adversas que os imigrantes passam fora de casa, o esforço de estar aqui vale a pena.

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