COLABORAÇÃO / No Ângulo do Gol / Leonardo Macedo @noangulodogol
Conforme o esperado, a ação do Flamengo de ingressar com o pedido de liminar e a mesma ser concedida foi de zero agrado aos demais clubes da LIBRA. Palmeiras, São Paulo, Santos, Grêmio, Bragantino, Bahia e Atlético-MG emitiram notas oficiais repudiando a atitude da diretoria rubro-negra, sendo que a do Galo acusou o Fla de ser “sorrateiro e mesquinho”. O Vitória sequer se manifestou, uma vez que já havia acertado a saída para a Liga Forte União a partir de 2029. A presidenta do Alviverde paulista, Leila Pereira, detonou veementemente a situação, afirmando que os clubes deveriam deixar o Flamengo “jogando sozinho”.
Quando Rodolfo Landim ainda presidia o Flamengo, houve um acerto referente aos percentuais de transmissão da LIBRA, nos quais 40% seriam igualitariamente divididos, 30% repartidos com base na classificação final do campeonato, e os 30% restantes são referentes à audiência. Esta última é contestada pelo Fla, que reivindica um valor superior, citando haver 47% da torcida dentre todos os clubes da liga. A direção do clube da Gávea alega ter sofrido um prejuízo acima de 100 milhões de reais anuais devido a “intransigência dos demais clubes” no momento das negociações. Ainda segundo a nota emitida na última semana, houve duas assembleias da LIBRA, a última no dia 26 de agosto, onde o Flamengo e o Volta Redonda votaram contra os termos de divisão, e no estatuto da liga consta a exigência de unanimidade.
Há mocinhos e vilões em toda essa história? Verdade seja dita: no futebol brasileiro os clubes possuem a tendência de olharem exclusivamente para o que lhes convém. Nunca houve e há exatamente uma conversa em busca de padronizações não apenas dos direitos de repasse, mas também das questões ligadas à tecnologia, arbitragem, gramado e fair play financeiro. Para exemplificar: assim como o Flamengo pleiteia uma maior renda por audiência, o Palmeiras (e outros clubes) implementaram a grama sintética em seu(s) estádio(s). Há clubes sobrecarregados por dívidas que ainda não efetuaram pagamentos pendentes, e coincidentemente seguem contratando. Sendo assim, há uma série de discordâncias e brechas referentes a diversos elementos (não apenas a direitos de TV) do mundo do futebol que impedem a criação de uma liga independente.
Com o estatuto apontando a necessidade de unanimidade, não há erro algum por parte do Flamengo neste cenário, tanto que não houve (por ora) a cassação da liminar e tampouco o aparecimento da assinatura de Landim. Discursos como o de Leila Pereira se revoltando contra o Flamengo por batalhar por algo e ao mesmo tempo não desrespeitando regras, têm partículas de demagogia. São posicionamentos esbanjando um certo desespero, sem uma singela tentativa de reversão de quadros. O Fla, conforme diz sua nota, jamais negou uma negociação e ainda reafirma ser favorável a novos debates.