Brasil

Lula recebe Maduro e critica sanção dos EUA à Venezuela

Sem citar violações de direitos humanos reconhecidas pelas Nações Unidas, Lula diz que as sanções feitas à Venezuela foram aplicadas "por quem não gosta de Maduro"

Lula recebe o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu na segunda-feira (29), em Brasília, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, depois de oito anos da última visita do venezuelano ao país. O encontro, que contou com discurso de ambos mandatários no Palácio do Planalto, aconteceu um dia antes da reunião da cúpula dos líderes da América do Sul, que recebeu 11 chefes de estado da região.

“Primeiro, eu queria dizer aos meus amigos do Brasil e à imprensa brasileira a alegria desse momento histórico que estamos vivendo agora”, ressaltou Lula no início de sua fala. Sem citar violações de direitos humanos reconhecidas pelas Nações Unidas, Lula apontou “preconceito contra a Venezuela” e criticou a sanção dos Estados Unidos. “É inexplicável um país ter 900 sanções porque outro país não gosta dele”, disse. “Acho que está nas suas mãos, companheiro [Maduro], construir a sua narrativa e virar esse jogo para a Venezuela voltar a ser um povo soberano, onde somente seu povo, através de votação livre, diga quem vai governar o país”, sugeriu. “E nossos adversários vão ter que pedir desculpas pelo estrago que eles fizeram na Venezuela”, concluiu.

No discurso, o petista afirmou que as sanções que impedem acesso a recursos bilionários no exterior e até a circulação de altos funcionários do regime, foram aplicadas por quem não gosta de Maduro e afirmou que o bloqueio liderado pelos americanos é “pior do que a guerra” porque “mata mulheres e crianças”.

Maduro, por sua vez, pediu apoio de outros países da América Latina para intervir na relação com os Estados Unidos. “Nós temos levado a proposta de que, como região, os governos solicitem aos Estados Unidos da América a suspensão de todas as sanções e todas as medidas coercitivas contra a Venezuela e contra os países que sofrem esse tipo de sanção em nossa América”, afirmou.

Em novembro do ano passado, os EUA anunciaram que aliviaram parte das sanções contra o país, após um acordo entre o governo e a oposição definido em negociação no México. O governo do presidente Joe Biden prevê uma “abordagem passo a passo” para aliviar as sanções com base na restauração da democracia venezuelana.

Enquanto isso, o número de venezuelanos que tentam cruzar a fronteira do México para os Estados Unidos perde apenas para os próprios mexicanos. Entre outubro de 2021 e agosto de 2022, mais de 150 mil imigrantes venezuelanos foram detidos na fronteira Sul dos Estados Unidos, e mais de 95 mil só este ano, segundo números oficiais.

Desde 2015, mais de 6,8 milhões de cidadãos da Venezuela deixaram o país, segundo a ONU, rumo, principalmente, a outros países sul-americanos. Desses, 2,4 milhões foram para a Colômbia.

No Brasil, os venezuelanos que tentam fugir do regime de Maduro são recebidos pela Operação Acolhida, gerido pela Agência da ONU, em Roraima, como uma resposta humanitária posta diante do fluxo histórico de refugiados e migrantes que chegam da Venezuela nos últimos anos. Desde 2017, mais de 800 mil venezuelanos entraram no Brasil, sobretudo pela sua fronteira norte, buscando atendimento médico, alimentação e novas oportunidades. Destes, cerca da metade decidiu ficar no país, segundo informou a ONU.

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